Aumento foi de 5 pontos em relação a novembro;
desaprovação também cai, para 11%
Recuperação da aprovação
no Sul, que subiu 11 pontos, e ampliação de
prestígio do petista no Nordeste (68%) alavancaram
popularidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva alcançou
a maior popularidade em seus cinco anos e três meses
de governo, atingindo índice que supera com folga o
obtido por todos os seus antecessores desde Fernando Collor
(1990-1992), pelo menos, mostra pesquisa nacional realizada
pelo Datafolha. A aprovação de Lula é
de 55%, apesar de a saúde ter sido eleita a área
em que o governo apresenta seu pior desempenho.
Os números da pesquisa -feita entre os dias 25 e 27
com 4.044 entrevistados em 24 Estados, mais o Distrito Federal-
indicam que a popularidade recorde do petista foi alavancada
por uma recuperação da aprovação
no Sul, tradicionalmente uma das regiões mais críticas
a ele (aprovação subiu 11 pontos percentuais,
para 52%), e pela ampliação do seu prestígio
no Nordeste, onde alcançou 68% de avaliação
positiva.
É o Nordeste a região mais atendida proporcionalmente
pelo Bolsa Família -31,3% das famílias da região
recebiam o benefício em 2006, contra média nacional
de 14,9%. No Sul, um fator que pode explicar o desempenho
de Lula é a recuperação do setor agrícola.
Em relação à última pesquisa Datafolha,
de novembro, Lula obteve crescimento de cinco pontos percentuais
em sua avaliação positiva (50% à época),
o que mostra que a crise dos cartões corporativos não
representou abalo na imagem do presidente ou do governo.
A desaprovação também é uma das
menores em todo o governo: só 11% consideram seu desempenho
ruim ou péssimo. O governo obteve nota média
7 dos entrevistados -melhor resultado desde quando assumiu.
Pesquisa do Ibope divulgada na quinta apontou igualmente índice
recorde de aprovação do governo -58% contra
50% da anterior, de dezembro.
Antecessores
A análise do desempenho do governo Lula por meio das
pesquisas Datafolha, desde sua posse (2003), mostra que o
período em que a aprovação ficou mais
ameaçada foi na crise do mensalão, no final
de 2005, quando o seu índice de "ótimo
e bom" atingiu o nível mais baixo, 28%, e chegou
a ser superado pelos que consideravam o governo ruim ou péssimo,
29%.
Desde então, houve uma recuperação que
tomou corpo na campanha eleitoral de 2006.
Em março de 2000, quando o governo do tucano Fernando
Henrique Cardoso completava também cinco anos e três
meses, o Datafolha registrava só 18% de aprovação
a FHC (e 43% de reprovação), um terço
do que Lula alcança agora.
Na ocasião, FHC começava uma lenta recuperação
da popularidade abalada por causa da crise econômica
que se seguiu à desvalorização do real,
em 1999. Ele deixou o governo, em 2002, com 26% de aprovação
-o pico foi em 1996 (47%).
O antecessor, Itamar Franco (1992-1994), teve a mais alta
popularidade justamente ao deixar o governo -41%. Fernando
Collor, cassado sob acusação de corrupção,
nunca atingiu índice superior a 36%. O Datafolha começou
em 1990 a fazer pesquisas nacionais de avaliação
do governo federal.
Pontos fracos
O Sudeste foi a única região em que Lula não
teve crescimento de popularidade -o índice dos que
consideram o governo "bom ou ótimo" só
oscilou de 46% para 47%, dentro da margem de erro de dois
pontos percentuais para mais ou para menos. O índice
de aprovação também subiu menos nas regiões
metropolitanas (de 45% para 49%) do que nas cidades do interior,
de 54% para 60%.
Em relação à escolaridade, a avaliação
positiva subiu sete pontos entre os que têm ensino médio
(chegando a 52%) ou ensino superior (47%). Levando-se em conta
a renda, a maior alta foi alcançada entre os que ganham
de cinco a dez salários mínimos (de 43% a 50%).
Rainer Bragon
Folha de S.Paulo
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