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Fabricantes
de móveis e de materiais de construção
em geral comemoram crescimento de até 30% nas vendas
O boom do mercado imobiliário brasileiro desencadeou
uma onda de crescimento que se espalha por vários segmentos
que produzem e vendem itens básicos para moradia.
Fabricantes de móveis, de interruptores
de luz, tomadas, torneiras e revendas de materiais de construção,
por exemplo, já comemoram o crescimento de até
30% nas vendas neste ano na comparação com 2006
e se preparam para um desempenho ainda melhor em 2008. É
que a grande massa de lançamentos residenciais dos
últimos meses deve virar efetivamente moradia a partir
de meados do ano que vem.
Só em outubro foram lançados
na Região Metropolitana de São Paulo 67 empreendimentos
residenciais, segundo pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos
de Patrimônio (Embraesp). São mais de dois lançamentos
por dia. Em número de unidades, foram lançadas
8.850 moradias num único mês. “Esse volume
mensal de unidades é o maior desde 1985”, afirma
o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia. De janeiro
a outubro, foram 420 lançamentos de empreendimentos
residenciais na região, quase o mesmo número
acumulado no ano inteiro de 2001. “Em novembro, o volume
de lançamentos deve ter sido maior ainda.”
A Esteves & Cia Ltda, fabricante
de torneira, sifão e outros itens básicos de
instalações hidráulicas, já registra
crescimento de 30% nas vendas este ano. “A última
vez que tivemos um crescimento tão expressivo foi na
época do Plano Cruzado, em 1986”, compara o diretor
Comercial, Ricardo Chiurco. Até o ano passado, o mercado
estava recessivo, pondera o executivo que prevê para
2008 ampliar os negócios em 20%.
As vendas voltadas para as construtoras
são as que estão puxando o crescimento, mas
o mercado de reposição também está
aquecido, observa o diretor. “A mudança de uma
família para uma casa nova gera uma reforma num imóvel
antigo. Nesse mercado tudo gira.” Hoje a companhia usa
70% da capacidade da fábrica, que fica na zona leste
de São Paulo. De olho no crescimento esperado para
o ano que vem, a empresa planeja investir na compra de máquinas
e na contratação de 200 trabalhadores.
A Schneider Electric, que produz interruptores
de luz e tomadas, por exemplo, é outra indústria
que comemora o começo da euforia imobiliária
iniciada em 2006. Neste ano, a empresa já ocupa 80%
da capacidade de produção da fábrica
em Jurubatuba (SP), trabalha em dois turnos em algumas linhas
e contratou 50 trabalhadores.
Para 2008, a perspectiva é
ampliar em 15% a capacidade de produção com
a compra de máquinas. “Se o crescimento continuar
nesse ritmo, não vamos reduzir os turnos de trabalho”,
prevê o diretor da divisão de interruptores,
Sérgio Vasconcellos Lima. Ele observa que o forte ritmo
atual de lançamentos de imóveis deve ter impacto
positivo no seu mercado nos próximos dois anos.
“As nossas vendas estão
muitos aceleradas neste ano, e esse ritmo vai se manter em
2008”, afirma Ronaldo Marcolin, diretor Comercial da
Única, fabricante de móveis sob medida, dona
das marcas Dell Anno, Favorita e Telasul Madeira. Uma das
três maiores indústrias de móveis planejados,
com mais de 300 lojas espalhadas pelo País, a empresa
deve fechar o ano com vendas de R$ 200 milhões, 25%
a mais que em 2006. “Este será o nosso melhor
desempenho em quatro anos”, diz o executivo, que prevê
crescimento de 30% para 2008.
Marcolin acredita que o boom do mercado
imobiliário contribuiu diretamente para o resultado,
mas pondera que a empresa também trabalhou para isso.
Em agosto deste ano, por exemplo, a companhia lançou
a terceira marca de móveis planejados, Telasul Madeira,
para as classes de menor renda. A decisão foi tomada
olhando para as condições de financiamento mais
acessíveis para a população mais pobre,
que agora poderá se livrar do aluguel, diz o diretor.
Ele acrescenta que o bom desempenho de vendas da marca de
preço intermediário, a Favorita, que cresceu
75% este ano, levou a companhia a apostar de forma mais firme
na baixa renda.
De acordo com o diretor, há
60 dias a fábrica de Bento Gonçalves (RS) funciona
em três turnos. Também foram contratados 90 funcionários,
e o uso da capacidade instalada está próximo
do limite. Para dar conta da demanda crescente, a empresa
já programou ampliar em 50% da área de produção,
investimento que deve ser concluído em abril de 2008.
Lojas
O varejo de materiais de construção confirma
o aquecimento das vendas provocado pela compra de novas moradias.
A Dicico, por exemplo, vai fechar o ano com crescimento de
10% a 12% no faturamento em relação a 2006,
considerando as mesmas lojas. Com abertura de 14 pontos-de-venda
neste ano, o acréscimo será de 40%, diz o diretor
de Marketing, Carlos Roberto Corazzin. “Este será
o melhor ano desde 1999. E o desempenho de 2008 será
melhor ainda.”
Nessa previsão, ele considera
que as moradias lançadas hoje serão entregues
nos próximos 18 meses . Além disso, existe uma
forte intenção de personalizar a habitação.
O presidente da Associação
Nacional dos Comerciantes de Material de Construção
(Anamaco), Cláudio Conz, diz que pesquisas mostram
que 70% dos moradores que vão habitar pela primeira
vez uma casa nova fazem questão de personalizá-la,
especialmente entre as camadas de menor renda.
Márcia De Chiara
O Estado de S.Paulo
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