Acesse
o site do filme (http://www.queroofilme.com.br/site.htm)
e confira os garotos nas oficinas de preparação
dos personagens. Para assistir, vá à
coluna da direita e clique no link de vídeos, escolha
a opção making off, localizada no primeiro quadro
a direita, da animação e veja "Eu fiz Querô".
Quem tiver interesse em conferir mais detalhes pode ir na
pré-estréia do documentário “Eu
fiz Querô”, hoje às 20h no Cine Bombril.
A exibição é gratuita, seguida de debate
com a participação do ator principal Maxwell
Nascimento, dos montadores do documentário Eduardo
Bezerra da Silva e Samuel de Castro, do diretor Carlos Cortez,
do colunista da Folha e colaborador do projeto, Gilberto Dimenstein,
e de Junior, líder do AfroReggae.
Serviço:
Pré-estréia do documentário "Eu
Fiz Querô"
Quando: hoje, às 20h
Onde: Cine Bombril (av. Paulista, 2.073, Conjunto Nacional,
SP, tel. 0/ xx/11/3285-3696)
Quanto: grátis, com distribuição de convites
a partir das 19h, na bilheteria
Tesouros
escondidos
Carlos Cortez, o psicólogo que
virou cineasta
João Batista Jr.
Formado em psicologia e pós-graduado em psicologia
social, Carlos Cortez encontrou nas câmeras a sua realização.
Nascido em São Paulo há 51 anos, o cineasta-psicólogo
diz ter um carinho especial pela cidade de Santos. “Muitas
coisas me levam até lá”.
Na infância, era atraído pelas praias –
das quais ele rememora pelas fotografias tiradas por seus
pais. “Tenho um retrato que me mostra bem criança
brincando na praia do Gonzaga”, lembra Cortez.
Anos mais tarde, escolheu o curso universitário porque
“queria entender a alma humana”. “Mesmo
hoje sendo cineasta, sei que ter feito psicologia foi importante,
mudou minha forma de perceber as coisas”.
E com esse olhar diferenciado, Cortez se deparou com o trabalho
de Plínio Marcos, escritor nascido em Santos que aborda
o universo dos excluídos. “Li muito as obras
do Plínio”, conta. Mas uma chamou mais sua atenção.
“Um dia demonstrei interesse em adaptar ‘Uma reportagem
maldita – Querô’ ao Plínio, que me
deu apoio”.
Alguns anos se passaram, Plínio morreu e Cortez desceu
a serra mais uma vez. Mas agora para fazer pesquisa, para
se infiltrar na região portuária da cidade,
para compreender o que leu nas páginas do livro do
autor santista. “Fiquei seis meses fazendo pesquisa
para rodar Querô. Morei ali na área do porto,
que considero um local muito globalizado e cheio de contrates”.
“É outra realidade: o porto é rodeado
de uma miséria muito grande, pessoas morando em cortiços,
prostituição, consumo de drogas”. Par
dar vida a um contexto social tão denso, Cortez decidiu
usar a população local como elenco de seu filme.
Sabia que com eles Querô teria mais vida.
Começou, então, um processo de busca: 1.200
pessoas foram testadas, das quais 200 foram selecionadas para
uma maratona de testes de quatro dias – quando a equipe
do cineasta selecionou os 40 finalistas para compor o elenco.
“Tem gente da região do porto e dos morros de
Santos e Cubatão”, informa o cineasta.
“Eles são de uma disciplina fantástica
e superam muitas dificuldades”. Entre elas, vencer o
preconceito. “Um dos jovens selecionados é homossexual
assumido, com trejeitos e tudo mais. Nos começo dos
ensaios, ele sofreu certa discriminação dos
outros adolescentes, mas isso passou rápido e todos
são amigos”, comemora Cortez.
Rodado em seis semanas, Querô já colhe premiações
em festivais importantes, como o Ibero-americano. “Trabalhar
com cinema mudou a cabeça dos jovens, eles ficaram
mais inquietos”. Depois das filmagens, a equipe decidiu
formar uma oficina de arte na qual os integrantes do elenco
pudessem extravasar suas veias artísticas.
Foi, assim, criada a Oficina Querô, que funciona com
o apoio da Unisantos, Sesc e Prefeitura. “São
selecionados 40 adolescentes por semestre, tempo em que eles
aprendem a filmar, elaborar roteiro, a discutir o mercado”.
Para que os jovens tenham uma oportunidade no mercado de
trabalho, a Associação Comunidade de Mãos
Dadas (ACDM) criou este semestre uma produtora para que eles
consigam viver dos recursos oriundos da nova profissão.
“Os jovens fazem um trabalho sério e reconhecido”,
avalia Cortez. “Até a Abrinq os levou na Comissão
de Direitos Humanos do Senado para rebater a redução
da maioridade penal”. Aqueles que viveram em situação
de risco acreditam que elaborar ações sociais
de inclusão é um caminho melhor do que o aumento
de medidas punitivas.
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