Maximilien
Calligaris
A poluição crescente e o trânsito estão
entre os problemas urbanos mais alarmantes e mais incômodos
que toda grande cidade já enfrentou nos últimos
25 anos. Nenhum paulistano dirá o contrário.
Como sábado, 22 de setembro, foi o “Dia Mundial
Sem Carro”, esse é o momento perfeito para falar
de um dos planos urbanos mais inovadores e corajosos das últimas
décadas: o Velib.
O Velib foi introduzido em Paris, na França, no dia
15 de julho passado para facilitar a mobilidade dos cidadãos,
diminuir a poluição, os engarrafamentos do trânsito
e o excesso de ruído, mas sobretudo para melhorar a
vida social cotidiana dos habitantes. O que é Velib?
Velib é
um conceito prático, pouco oneroso e ecológico,
que está revolucionando os hábitos de transporte
urbano em Paris. O nome é uma contração
de “vélo” (bicicleta) e “liberdade”.
Em resumo, é um sistema de locação de
bicicletas, oferecido pela administração municipal,
com 10.648 veículos estacionados em 750
estações pela cidade inteira. O serviço
é disponível 24 horas e todos os dias da semana,
aberto a parisienses, franceses e estrangeiros, destinado
a quem vai para o trabalho, quer passear como turista ou chegar
até o mercado para fazer suas compras. Uma bicicleta
pode ser retirada em qualquer ponto da cidade e devolvida
em qualquer outro.
A locação,
acessível com qualquer cartão de crédito
ou débito, é gratuita para a primeira meia hora.
A segunda meia hora é cobrada 1 euro, a terceira 2
euros, e a quarta 4 euros. Tudo isso para encorajar o usuário
a se servir das bicicletas para distâncias curtas e
a não permanecer com o veículo inutilmente.
É também possível fazer uma assinatura
diária (1 euro), semanal (5 euros) ou mesmo anual (29
euros).
O serviço é municipal, mas foi desenvolvido
e realizado por Somupi, uma filial de JCDecaux (66%) –
grupo mobiliário urbano - e Medias& Régies
Europe, grupo Publicis (34%) – grupo de publicidade.
Ao fim do primeiro mês, a prefeitura de Paris tinha
registrado mais de um milhão e meio de locações,
ou seja, uma média de 1.200 por dia. Os resultados
foram encorajadores, pois cada bicicleta foi, em média,
alugada sete vezes por dia.
Claro, surgiram necessidades de manutenção.
Depois das duas primeiras semanas, apareceram problemas têcnicos.
A Prefeitura reconheceu que, em algumas estações,
houve usuários de quem foi cobrada abusivamente uma
meia hora suplementar.
Quanto à manutenção, JCDecaux treinou
um grupo de técnicos, chamados “cycles”,
que vão de uma estação a outra consertando
as bicicletas levemente danificadas e recolhendo as que precisam
de reparos. Esse sistema, até agora, criou 400 novos
empregos, 300 dos quais permanentes.
Alguns atos de vandalismo foram também registrados,
180 bicicletas foram definitivamente aposentadas e aproximadamente
100 foram roubadas. Mas, no conjunto, a Prefeitura de Paris
parece muito otimista e satisfeita com os primeiros resultados,
que de fato estão devolvendo uma cara mais humana à
vida parisiense. Ela vai, por conseqüência, manter
suas ambições, que consistem em colocar à
disposição dos usuários 20.600 bicicletas
em 1.451 estações até o fim de desse
ano.
|