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João Batista Jr.
A cidade de São Paulo será tomada por 12 grupos
teatrais que se apresentam na II Mostra Latino-Americano de
Teatro de Grupo. Entre os dias 30 de abril e 6 de maio, grupos
de países como Cuba, Venezuela e Bolívia, além
do Brasil, vão apresentar peças ao público
paulistano. Toda a programação será gratuita
e acontecerá em sua maior parte no Centro Cultural
São Paulo. O entorno da instituição (como
as ruas próximas e as calçadas) e a praça
do Patriarca também se tornarão palcos.
“A intenção da mostra é criar
um público consumidor de teatro, por isso vamos exibir
produções coletivas que vão expor seus
processos de criação”, informa o diretor
do evento Ney Piacentini. “O brasileiro gosta de futebol
porque conhece todas as regras da partida, então se
conhecesse todo o processo do teatro poderia gostar de freqüentar
teatro”.
A mostra de 2007 terá um cunho político. Cuba
trará uma peça que aborda as revoluções,
Bolívia sobre soberania e Rio Grande do Sul sobre Canudos.
Durante os dias da Mostra, um informativo será publicado
para analisar as peças apresentadas. “A publicação
de 500 exemplares será uma forma de proporcionar ao
público uma análise menos superficial do conteúdo
apresentado”.
O Movimento dos Sem Terra está na grade da programação
com a peça “Posseiros e Fazendeiros”, produzida
pelo grupo “Filhos da Mãe...Terra”, do
assentamento de Sarapuí. “O Movimento tem cerca
de 40 grupos de teatro, mas eles não são profissionais
porque todos os integrantes têm outras atividades além
da arte”, informa o produtor do Movimento Douglas Estevam.
“A peça trata da reforma agrária no Brasil.
O texto foi produzido em cima de um roteiro de Bertold Brech
e com matérias que publicadas pela imprensa sobre MST”.
A organização da mostra acredita que até
7 mil pessoas assistirão as peças em cartaz.
Serviço:
De 30 a 6 de maio
Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000
– Liberdade
Os ingressos devem ser retirados 1 hora antes de cada espetáculo
Programação:
30/04 – 19 horas - Coletivo Filhos da Mãe...
Terra, de Sarapuí
Convidado especial da Mostra. Formado em 2003 no assentamento
Carlos Lamarca, no município de Sarapuí, em
São Paulo, o grupo faz parte do Coletivo de Cultura
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST. Este
Coletivo conta hoje com cerca de 35 grupos de teatro sediados
em assentamentos e acampamentos do MST em todo o país
e que se organizam, para fins de formação, estudos
e intervenções, numa brigada nacional chamada
Patativa do Assaré, formada em 2001, quando se iniciou
o processo de formação concluído em 2005
com Augusto Boal e o Centro de Teatro do Oprimido. Posseiros
e Fazendeiros é o primeiro trabalho do grupo, que estreou
em outubro de 2004, resultado de pesquisas sobre a estrutura
agrária brasileira e do estudo de técnicas,
dramatugia e teoria do teatro épico, principalmente
da produção do dramaturgo Bertolt Brecht. Sala
Adoniran Barbosa (650 lugares)
1º/05 – 21 horas - Teatro Buendía, de Cuba
Encarregado de fazer a abertura oficial da Mostra, o Buendia,
fundado em 1985, o mais importante grupo de teatro cubano
da atualidade, trará 19 integrantes para mostrar Charenton,
uma ópera bufa criada a partir do Marat-Sade, de Peter
Weiss. A formação de Cuba nunca esteve no Brasil.
Sala Jardel Filho (324 lugares)
02/05 – 14 horas - Tribo de Atuadores Oi Nóis
Aqui Traveiz, de Porto Alegre
Um dos mais antigos importantes grupos de teatro de rua do
país, surgiu em 1977, com a proposta de romper com
a distância entre público e artistas. Lúcida
e irreverente, a Tribo apresentará a montagem A Saga
de Canudos, mostrando o caráter político do
movimento liderado por Antônio Conselheiro no século
XIX. Adaptação da peça O Evangelho Segundo
Zebedeu, de César Vieira. No Centro, nas ruas do calçadão
na região do Largo do Café.
02/05 – 21 horas - Circo Teatro Udi Grudi, de
Brasília
Misturando circo, teatro e música desde que iniciou
sua carreira em 1982, vem a São Paulo com o espetáculo
O OVO, apresentado no ano passado em vários festivais
na Europa. Sala Jardel Filho (324 lugares)
03/05 – 19 horas – Coletivo Angu de Teatro, de
Recife
A companhia pernambucana discute a realidade urbana no drama
Angu de Sangue, em que 10 pequenas histórias são
interligadas por meio de vídeo e música. Com
direção de Marcondes Lima, o espetáculo
foi estruturado a partir de contos de Marcelino Freire, além
de um quadro final livremente inspirado em fatos reais. A
desiguldade social, a solidão, o preconceito e o descaso
são focalizados pelo texto interpretado por André
Brasileiro, Fábio Caio, Gheuza Sena, Hermila Guedes
e Ivo Barreto. Espaço Cênico Ademar Guerra (200
lugares)
03/05 – 21 horas - Teatro Gayumba, da República
Dominicana
Criado em 1976, virá com seus fundadores – a
atriz Nives Santana e o ator e diretor Manuel Chapuseaux –
para mostrar sua versão de Don Quijote y Sancho Panza,
de Miguel de Cervantes. O Gayumba tem grande presença
nos festivais internacionais de teatro na Europa e nas Américas.
Sala Jardel Filho (324 lugares)
04/05 – 18 horas - Associação
Teatral Joana Gajuru, de Maceió
Teatro popular, de rua, nordestino. Nunca se apresentou em
São Paulo. Vem a São Paulo com 12 integrantes,
entre atores e músicos, para apresentar o espetáculo
Uma Canção de Guerreiro no Chumbrego da Orgia,
de autoria do grupo, com direção de Lindolfo
Amaral (fundador do grupo Imbuaça, de Sergipe, que
esteve na Mostra de 2006). Uma Canção de Guerreiro
traz duas histórias adaptadas da literatura de cordel,
mescladas com músicas e danças do folguedo alagoano,
além de músicas populares. Passarela do Metrô
Vergueiro para o Centro Cultural São Paulo.
04/05 – 21 horas - Escena de Caracas, da Venezuela
Formado por alunos e professores da Companhia Nacional de
Teatro de Venezuela, em 1996, trará Mackie, criado
e dirigido por Delbis Cardona, a partir de textos e músicas
de Bertolt Brecht e Kurt Weill para vários espetáculos
(Ópera dos Três Vinténs, Mahagonny, Happy
End e outras). No palco, seis atores e atrizes, além
de três músicos do grupo E-On. Sala Jardel Filho
(324 lugares)
05/05 – 18 horas - Grupo de Teatro Piollin,
de João Pessoa
Depois da excepcional carreira de Vau da Sarapalha, desde
1992 se apresentando pelo mundo, e de Woyzek, o Brasileiro,
de 2002, o Piollin mostra pela primeira vez em São
Paulo, A Gaivota (alguns rascunhos), dirigido e adaptado por
Haroldo Rego a partir do clássico de Tchekhov. Espaço
Cênico Ademar Guerra (200 lugares)
05/05 – 21 horas - Teatro Sanitario de Operaciones
(TSO), da Argentina
O grupo surgiu em 1996, após um seminário dado
pelo grupo catalão La Fura Del Baús, em Buenos
Aires. Sete atores em cena, misturando-se ao público,
interpretarão Mantua, uma criação coletiva
a partir do Romeu e Julieta, de Shakespeare. Na estética
do grupo, a utilização dos quatro elementos,
iluminação elaborada e muito empenho físico.
Galpão do Acrobático Fratelli (Rua Adib Auada,
41, Centro Empresarial Granja Viana, Cotia, altura do km 23
da Raposo Tavares).
06/05 – 13h30 - Pirei na Cenna, do Rio de Janeiro
Grupo comunitário formado em 1998 pelo projeto Teatro
Legislativo do Centro de Teatro do Oprimido, dirigido por
Augusto Boal, integrado por portadores de sofrimento psíquico,
familiares e simpatizantes da Luta Antimanicomial. Pirei na
Cenna produziu quatro espetáculos: Ser ou não
ser positivo, Um amor muito Louco, Os Contrários e
a produção mais atual: É melhor Prevenir
que Remédio dar, que romperam os muros do hospital
e promoveram o diálogo em mais de 200 apresentações,
por todo o Brasil. Sala Adoniran Barbosa (330 lugares)
06/05 – 18 horas - Teatro de los Andes, da Bolívia
Fundado em agosto de 1991, nas cercanias da cidade de Sucre,
trará seu mais espetáculo Otra Vez Marcelo,
que encerra uma trilogia sobre temas políticos. A peça
narra a história de Marcelo Quiroga Santa Cruz, intelectual,
parlamentar e ativista boliviano cuja luta a favor da soberania
de seu pais – foi fundamental na estatização
do petróleo – e contra a ditadura de Barrientos
e Banzer, levou a seu desaparecimento e assassinato em 1980.
São apenas dois atores em cena: Mia Fabri é
Cristina, mulher de Marcelo, que é interpretado pelo
também autor e diretor argentino César Brie,
teatrólogo reconhecido em todo o mundo. Espaço
Cênico Ademar Guerra (200 Lugares)
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