João
Batista Jr.
“Uso o Orkut, o MSN e o Skype”. A frase não
é de nenhuma adolescente que passa as tardes navegando
em sites de relacionamentos, mas de Odete Coutinho, senhora
de 69 anos que há um ano e meio aprendeu a usar o computador
e, desde então, tem feito da internet sua maior forma
de expressão e comunicação.
Natural de Uru, interior paulista, Odete lembra do início
das aulas de informática que teve com o projeto OldNet.
“Comecei do bê-á-bá mesmo, não
sabia nada de computador”. O mesmo aconteceu com suas
colegas de classe: senhoras com vontade de diminuir os índices
de exclusão digital.
“Não somos tratadas como crianças, os
monitores entendem nossas dificuldades de forma coerente –
o que não quer dizer que o idoso seja retardado. Nada
disso”, desabafa Odete. Sua colega é a prova
de que a terceira idade pode ser sinônimo de aprendizado.
Com 72 anos, Lúcia Sekiguche faz curso de espanhol,
flauta, dança de salão e informática.
“É um erro o idoso ficar parado, tem mais que
é que se ocupar e sentir-se vivo”, ensina.
Após as aulas de informática que acontecem
semanalmente, os alunos se reúnem para um lanche em
conjunto. “E também organizamos idas a teatros
e cinemas”, informa Odete. O último filme assistido
pela turma foi “Cão sem Dono”, de Beto
Brant e Renato Ciasca.
O curso de informática nada mais é do que um
desejo de se comunicar, de aprender e de manter-se ativo.
Segundo a aluna Martha Marangon, 69 anos, “iniciativas
como essa provam que depois dos 50 anos a pessoas ainda têm
chance aprender coisas novas”.
Comunicar
“O que eles mais gostam é poder se comunicar
entre eles mesmos, com a família e com pessoas de outros
de países”. Quem revela o maior prazer dos alunos
é a coordenadora da iniciativa, Izabel Madureira Marques.
“Eles têm uma dificuldade para dizer adeus às
aulas, pois uma vez que dominam o computador ficam fascinados
pelo poder de comunicação da internet”.
Os alunos, assim, ficam mais de três semestres aprendendo
computação e descobrindo as possibilidades oferecidas
pela internet.
Segundo Izabel, o curso conta majoritariamente por mulheres.
“De acordo com os relatos das alunas, os homens, nos
casos os maridos delas, são mais acomodados. E também
tem o fato de muitos se atualizarem automaticamente por estarem
inseridos no mercado de trabalho, então passaram a
usar o computador como ferramenta no escritório”.
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