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Quadrinhos e desenhos japoneses invadem os espaços do CCSP
Mangá em ação
DIEGO ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Até bem pouco tempo atrás,
mangá era para poucos. Para fãs
que pareciam viver em outro
mundo, trocando suas revistinhas
e fitas de desenhos animados japoneses, os animes, em convenções ultra-especializadas em que
exótico seria quem não estivesse
vestindo uma fantasia ou bugiganga de seu personagem preferido. Nada disso deixou de acontecer, mas a diferença é que, agora,
o quadrinho japonês virou cult.
Sucesso de vendas nos maiores
mercados de HQs do mundo
(EUA, Brasil, Itália, França), influência visual cada vez mais direta na música pop e até vencedor
do Oscar de animação deste ano,
com o belíssimo "Viagem de Chihiro", o universo dos desenhos e
quadrinhos japoneses ganha destaque, durante todo o mês, no
Centro Cultural São Paulo.
Parte da Mostra Cinema e Quadrinhos no CCSP, a exposição
"Uma Pequena Viagem ao Mangá
e Anime" reúne acetatos originais
e pôsteres de dezenas de produções importantes da história do
gênero, como a série "Akira", de
Katsuhiro Otomo, e o curioso
"Tetsuwan Atomu", um dos primeiros animes (lê-se animês) a
chegar à televisão japonesa.
A preciosidade histórica é uma
das principais atrações da sessão
Neo Animation, organizada por
um grupo de admiradores que se
reúne todo terceiro domingo do
mês na Gibiteca Henfil, do CCSP.
Entre outras produções, em sua
maioria inéditas no Brasil, estão
um especial em vídeo de "Ranma
1/2", o divertido "One Piece" e os
nostálgicos "Patrulha Estelar" e
"Cavaleiros do Zodíaco - Saga de
Hades", série responsável, no Brasil, pela febre do mangá.
Se, para os não iniciados, parte
desse amontoado de nomes pode
não dizer muita coisa, para os entusiastas ("otaku") nem sempre
tudo é novidade. "Com a internet
a gente pode baixar os animes
mais recentes que não vão passar
no Brasil. Quando chega aqui, a
maioria já comprou os mangás na
Liberdade. Tem quem até aula de
japonês faça para ler os originais",
diz Koji Nomura, 27, responsável
pelo Neo Animation.
E é justamente essa obsessão,
não raro, que acaba devolvendo
ao gueto os "otaku". "Não gosto
desse termo. No Japão ele é pejorativo, se refere ao cara que só
consegue se ocupar de um hobby
e não tem nem vida social nem sexual", aponta Alexandre Nagado,
32, desenhista representado na
coletânea "Mangá Tropical" (Ed.
Via Lettera), que reúne a nata do
mangá nacional e também está
sendo lançada no evento.
Modismo ou não, a mostra do
CCSP não privilegia apenas os
quadrinhos japoneses. Com uma
abordagem mais técnica, a professora da Universidade Mackenzie Tereza Denser e o quadrinista
Luiz Gê iniciam um workshop na
terça-feira sobre as intertextualidades entre o cinema e as HQs.
A tese de Gê é de que tanto um
quanto o outro são igualmente
"movimento desenhado". "Os
quadrinhos nasceram oficialmente no mesmo ano que o cinema,
em 1895. Só que 30 anos antes as
HQs já eram faladas."
Para ilustrar a teoria, estão programadas exibições dos filmes
"Akira", "Homem-Aranha",
"Batman", "Superman, o Filme",
"Spawn", "Flash Gordon Conquista o Universo", "Asterix &
Obelix", "Dick Tracy", "Do Inferno", "Estrada para Perdição".
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