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"REMBRANDT E A ARTE DA GRAVURA"
Mostra tem 83 originais do artista
Exposição evidencia trabalho inovador do mestre holandês
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
Rembrandt (1606-1669) foi
colorista até mesmo em preto-e-branco. A mostra de gravuras do mestre holandês traz a São
Paulo 83 originais que evidenciam um método de trabalho inovador no registro da densa atmosfera dos Países Baixos.
O artista afastou-se da linearidade do desenho utilizando três
instrumentos de gravado: água-forte, ponta-seca e buril. A exploração dos emaranhados com linhas de diferentes espessuras permitiu-lhe obter no papel efeitos
análogos aos das massas cromáticas trabalhadas em sua pintura.
O claro-escuro dá o tom da
mostra. A ambientação penumbrosa da sala do CCBB respeita as
condições expositivas dos papéis.
Assim, o visitante percorrerá uma
galeria que parece mimetizar o
clima representado nas peças.
O "Estudante Sentado numa
Mesa à Luz de Velas" (1642) sintetiza a radicalidade do contraste
em Rembrandt. A parca luz emana do branco do papel, sendo devorada pelo negrume de traços
que ocultam a maior parte da cena. Por outro lado, a composição
de vistas oferece um Rembrandt
sintético. A "Paisagem com Pescador e Dois Cisnes" (1650) é esquemática e luminosa, contrastando com os densos interiores.
A filiação de Rembrandt à escola flamenga marca-se pela ausência de ideal do corpo humano. A
"Diana Banhando-se" (1631) é
uma composição cuja pose feminina nada tem de graça cortesã.
A observação da natureza torna-se um valor a ser perseguido.
A gravura funcionou para Rembrandt como instrumento de estudo do natural, tal como acompanhamos na "Folha de Estudos:
Parte Superior de Auto-Retrato e
uma Árvore" (1638).
Dentre os temas estudados, a
expressão do rosto é recorrente.
Os auto-retratos feitos ao longo
da vida do artista tinham propósito de repertoriar máscaras. Vemos essa habilidade estendida aos
modelos, como no "Ephraim
Bueno, Médico" (1647).
A seminalidade do artista pode
ser conferida por uma visita à segunda parte da mostra. Alguns de
seus antecessores e sucessores encontram-se agrupados no terceiro andar, entre os quais Picasso.
A fama de Rembrandt em vida foi ajudada pelo uso da gravura como técnica de difusão
em massa de imagens. Barateando a obra de arte, ele explorou as singularidades da mídia,
entrando para a história como
ícone pop.
Rembrandt e a Arte da
Gravura
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil
(r. Álvares Penteado, 112, região
central, tel. 3113-3651)
Quando: de ter. a dom., das 12h às
19h30. Até 3/11
Quanto: entrada franca
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