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ARTES
Pouco procurados para a apreciação de suas obras, cemitérios têm rico acervo
Arte imortal
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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"Solitudo", de Francisco Leopoldo e Silva, autor do primeiro nu realizado no Cemitério da Consolação, em 1922 |
ALEXANDRA MORAES
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
São Paulo não deposita suas
obras de arte apenas em museus,
galerias ou coleções particulares.
Grandes exposições a céu aberto
podem ser percorridas em lugares
que, à primeira vista, podem causar estranhamento.
Hábito comum em outros países -caso da França-, a ida aos
cemitérios para a apreciação de
esculturas ou para a visitação de
sepulturas de personalidades tem
acolhida pequena no Brasil.
"É um segmento carente. Tem
potencialidade, mas que eu saiba
não há nada de muito organizado.
Talvez seja falta de costume", avalia o professor de turismo da USP
Américo Pellegrini Filho, 66.
A potencialidade a que se refere
Pellegrini encontra materialização na cidade, onde ao menos três
lugares se prestam ao "turismo
tumular", exibindo uma mescla
de trabalhos de artistas relevantes
com presença de nomes conhecidos em diferentes áreas.
Barões do café, artistas, intelectuais e políticos, figuras públicas
que viraram logradouros -o
doutor Cerqueira César, que denomina um bairro paulistano,
por exemplo- povoam o Cemitério da Consolação, o mais antigo de São Paulo, em funcionamento desde o longínquo 1858.
Por lá, há um bom número de
túmulos ornados por trabalhos de
grandes escultores, como Victor
Brecheret, Francisco Leopoldo e
Silva, autor do primeiro nu do local, produzido nos anos 20, ou
Bruno Giorgi, criador de interessante peça abstrata.
É profusa a quantidade de jazigos e capelas feitos de granito,
mármore de carrara e bronze,
apontando para a antiga prosperidade da agricultura e da indústria. Uma das realizações que
mais chamam a atenção é a réplica miniaturizada de uma catedral
gótica, realizada pela marmoraria
J. Savoia. Exemplo da grandiosidade de outros tempos, o mausoléu da família Matarazzo, executado por Luigi Brizzolara, ocupa
cerca de 150 m2, atingindo 20 m de
altura. É tido como o maior da
América do Sul.
Mas entre os notáveis há também abrigos modestos, como é o
caso da trinca modernista dos escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade e da pintora
Tarsila do Amaral.
No Cemitério da Consolação,
desenrola-se desde 2001 uma iniciativa que busca minorar seu
pouco aproveitamento turístico.
O projeto Arte Tumular, do Serviço Funerário municipal, promove
visitas monitoradas, com grupos
de, no máximo, 15 pessoas. "Recebemos cerca de 300 interessados
por mês", diz Eliana Queiroz, 26,
coordenadora do programa.
Rumo ao bairro de Pinheiros,
na região oeste, podem ser encontrados mais dois destinos para esse tipo de passeio: o Cemitério do
Araçá e o Cemitério São Paulo.
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