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Espetáculos recomendáveis com lotação reduzida estão em cartaz hoje na cidade
Poucas e boas
PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO
Com a cidade esvaziada em virtude dos dois feriados seguidos e
as filas de carros antes nas estradas do que nas portas dos teatros,
conseguir ingressos para bons espetáculos pode se tornar uma tarefa menos penosa.
Especialmente se for levado em
conta o fato de existirem alternativas interessantes para platéias
menores, seja por escolha do diretor e do grupo, seja pela dimensão
reduzida dos espaços.
Na avaliação da Folha, pelo menos seis opções recomendáveis do
tipo, em que cem pessoas perfazem a lotação máxima, são apresentadas hoje. Até o fechamento
desta edição, na sexta-feira, havia
entradas para cinco delas.
Revelação no Fringe do Festival
de Teatro de Curitiba de 2002,
"Hysteria", com direção de Luiz
Fernando Marques, é exibida no
Sítio Morrinhos, no projeto Formação de Público, da prefeitura.
Um elenco encabeçado por cinco atrizes corporifica o dia-a-dia
de internas de um hospital psiquiátrico do século 19. A montagem divide o público: 50 homens
assistem à encenação, enquanto
50 mulheres participam da peça,
interagindo com as intérpretes.
Derivada de uma aula na USP
ministrada pelo diretor do Teatro
da Vertigem, Antônio Araújo,
"Hysteria" não poderia assim negligenciar a relação entre o fazer
teatral e o local que o engloba.
"Se tivéssemos 400 lugares, não
haveria a interatividade, as mulheres seriam platéia, não parte
ativa. Também não seria bom colocar 300 homens e poucas mulheres, esse desequilíbrio não seria salutar", afirma Marques, 25.
No Sesc Belenzinho, há três peças para públicos pequenos.
Baseado na vida e na obra do artista plástico Arthur Bispo do Rosário (1909-89), "Bispo", solo do
ator João Miguel, encontra-se no
galpão 1 da unidade. A peça tem
texto e direção do intérprete e de
Edgard Navarro.
"Medéia 2", no galpão 2, em cartaz desde o ano passado, é a segunda montagem de Antunes Filho para o texto de Eurípides sobre a feiticeira que mata os dois filhos para se vingar do amante. Na
retomada da tragédia, o diretor
buscou incutir brevidade à encenação, reduzindo o elenco e declinando aparatos cenográficos.
Num espaço que recria um closet, um corredor e um quarto de
empregada, é encenada "A Paixão
Segundo G.H.", peça inspirada no
livro de Clarice Lispector (1920-77) cujos ingressos estão esgotados até o dia 4/5. Mariana Lima
encampa o monólogo sobre a
mulher que se depara com uma
barata no cômodo da criada. A direção é de Enrique Diaz, a partir
de adaptação de Fauzi Arap.
O grupo Cemitério de Automóveis tem realizado num sobrado
na Bela Vista apresentações de
seus espetáculos e de convidados.
Por lá, está em cartaz "O Herói
Devolvido", inspirado em livro de
Marcelo Mirisola.
A exiguidade do lugar e a estrutura da casa, que demanda a existência de um palco duplo e uma
platéia de 46 lugares, igualmente
em dois níveis, alteram o tipo de
interpretação e mesmo a condução do espetáculo.
"É preciso reduzir o estilo de interpretação, o ator tem de se mostrar mais consciente, o elenco fica
mais compacto", diz o diretor e
dramaturgo Mário Bortolotto, 40.
Costuma ser mais fácil liberar o
uso de um espaço que tenha menos do que cem lugares. É necessário somente obter uma licença
de funcionamento na regional do
bairro em questão, enquanto um
número superior a uma centena
de pessoas demanda um alvará de
funcionamento expedido pelo
Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis).
Como "O Herói Devolvido", há
ainda, na região central, a temporada de "Mire Veja", no Teatro de
Arena Eugênio Kusnet, pela Cia.
do Feijão. A peça, que fez sucesso
na edição deste ano do festival de
Curitiba, dá corpo, em 20 histórias curtas e fragmentárias, ao cotidiano turbulento da metrópole.
Aquele que volta a dar o ar de sua
graça a partir da terça-feira.
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