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"RUPTURA"
Montagem da mostra de 1952 revê proposta de renovação da arte através dos conceitos geométricos
Exposição discreta retorna às origens da abstração paulistana
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
A mostra sobre o grupo
Ruptura é uma pérola. Remonta o cenário inaugural da
abstração construtiva paulistana
do pós-guerra, recuperando a discreta escala da época.
A curadoria repropõe o arranjo
museológico da exposição original, que se encaixa adequadamente na modesta sala do Centro
Universitário Maria Antonia.
A maioria das obras é do ano de
1952, exceto as de Féjer, da década
de 70, e as de Haar, reproduzidas
apenas em foto por estarem perdidas. Um painel com a imagem
do evento comemorado completa
a impressão de voltar àqueles
tempos.
São Paulo vivia então o sonho
de liderar a modernização do
país. O Museu de Arte Moderna
da cidade fora inaugurado havia
quatro anos, em 1948, e acolheu
sete artistas que propunham renovar a arte para salvá-la da ignorância.
Charroux, Cordeiro, de Barros,
Féjer, Haar, Sacilotto e Wladyslaw
assinaram em conjunto o manifesto que opunha a toda herança
"naturalista" ou "hedonista" uma
arte "deduzível de conceitos". O
espectador que for celebrar o cinquentenário do movimento receberá logo à entrada uma cópia colorida do texto fundador, também
em exibição.
Geometria
O sentido grupal aparece pela
repetição do título "Ruptura": Geraldo de Barros usa-o uma vez e
Waldemar Cordeiro, duas. Mas é
o nome de outra obra deste último que dá a pista para o sentido
filosófico do entrosamento entre
os sete: "Idéia Visível". Numa linha abertamente neoplatônica, o
esclarecimento através da arte
confunde-se com a educação pela
geometria.
Toda obra devia surgir de operações rigorosas sobre princípios
claros: giros de linhas, figuras e
sólidos, relações entre azul, amarelo, vermelho e preto. O diálogo
com Mondrian e a Bauhaus é evidenciado por peças como a
"Composição Ortogonal N. 2", do
polonês Wladyslaw.
Entretanto os resultados obtidos atingem os ideais de modo irregular. A gestualidade da pincelada ainda é visível nos contornos
das figuras de Charoux em "Abstrato Geométrico", tal como nas
áreas de amarelo, azul e verde da
"Articulação Complementária"
de Sacilotto. Por contraste, obtém-se a completa impessoalidade do traço na "Composição
Branca sobre Fundo Preto", de
Charoux, nas duas "Funções Diagonais", de Geraldo de Barros, e
nas quatro esculturas de acrílico
de Féjer.
O projeto de modernidade arquitetado era indissociável da
educação do público, pois a arte
era proposta como um "meio de
conhecimento acima da opinião".
Ruptura
Onde:Centro Universitário Maria
Antonia (r. Maria Antonia, 294, 2º andar,
Vila Buarque, tel. 3255-5538)
Quando: de segunda a sexta, das 12h às
21h; sábado e domindo, das 9h às 21h;
até 21/7
Quanto: entrada franca
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