Cantor uruguaio faz show único da nova turnê na cidade, com ingressos esgotados

RAQUEL COZER
DA REPORTAGEM LOCAL

"Cara B" resultou da intenção de Jorge Drexler de mostrar "o outro lado de seu repertório", o que automaticamente excluiu seu maior sucesso, "Al Otro Lado del Río". Não significa que a música oscarizada por "Diários de Motocicleta" fique de fora do show da turnê de lançamento do álbum duplo que o cantor uruguaio leva hoje ao Bourbon Street Music Club.
"Sigo um roteiro; o começo e o final são fixos, mas no meio abro espaço para "sugerências" do público", diz à Folha, por telefone, num raro tropeço do português que aprendeu de tanto visitar o Brasil. Mas avisa: "Não é bem uma democracia. Vivi 11 anos sob ditadura no Uruguai e, portanto, adoro a democracia, mas ela não é aplicável a todos os casos", ri.
Entre os casos passíveis de veto estão os pedidos de canções melancólicas demais.
"Costumam me pedir canções muito tristes, "730 Días", "Soledad", não sei por quê", lamenta Drexler, que pretende fazer de "Cara B" uma turnê mais "lúdica" que a do anterior "12 Segundos de Oscuridad".
As linhas que separam uma e outra turnê, no entanto, são tênues, como admite. "Na verdade, não houve uma interrupção. Naturalmente, em outubro, novembro do ano passado, o show de "12 Segundos" começou a virar o show de "Cara B"."
Na mudança, deixou para trás a banda e ficou sozinho sobre o palco, voz e violão. Ou quase sozinho. Participam dois produtores que acrescentam às canções sons da cidade em que o músico se apresenta, inclusive o falatório do próprio público antes do começo do show.
Eles também tocam, em uma ou outra música, "instrumentos estranhos", como serrote.
Além das canções menos conhecidas de Jorge Drexler, "Cara B" inclui, em seu segundo disco (o "Cara C"), versões de músicas como "Dance Me to the End of Love", de Leonard Cohen, e "Dom de Iludir", de Caetano Veloso.