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Sesc recebe mitos femininos de Jocy
Paranaense leva à unidade Vila Mariana sua ópera "Solo", em que revê Ofélia e Desdêmona, com a soprano Gabriela Geluda
Apresentações, hoje e amanhã, marcam lançamento de caixa com DVDs, abarcando a produção da compositora em 20 anos
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A pocket ópera "Solo", de
Jocy de Oliveira, marca, no
Sesc Vila Mariana, o lançamento de caixa com quatro DVDs,
abarcando a produção da compositora paranaense nos últimos 20 anos. A Coleção Jocy de
Oliveira (independente; R$
100) traz seis óperas, gravadas
entre 1987 e 2007, no Rio e em
São Paulo, Buenos Aires, Berlim e Darmstadt (Alemanha).
São elas: "Fata Morgana",
"Liturgia do Espaço", "Inori à
Prostituta Sagrada", "Illud
Tempus", "As Malibrans" e
"Kseni - A Estrangeira".
Contando com a soprano Gabriela Geluda, para a qual Jocy,
72, vem criando os papéis femininos de suas óperas nos últimos 12 anos, "Solo" esteve no
ano passado no Festival de Inverno de Campos do Jordão,
que teve Jocy como compositora-residente. O espetáculo trabalha mitos femininos como
Ofélia e Desdêmona e traz a
participação, em vídeo, de Fernanda Montenegro.
A junção de diversas mídias
vem sendo uma característica
nas criações da compositora
para o palco. "Meu método de
trabalho me leva a agrupar músicos, atores, bailarinos, tentando construir uma linguagem coerente em que processos aleatórios sejam combinados a outros estritamente determinados", explica. "Procuro
um equilíbrio entre a tecnologia e os elementos naturais inerentes à pesquisa tímbrica instrumental e vocal na justa medida entre composição, interpretação e execução."
Vanguardas
A trajetória da compositora
sempre esteve ligada às vanguardas do século 20. Jocy foi
exímia pianista: tocou o "Capriccio", do russo Igor Stravinski, sob a batuta do compositor, e, tendo permanecido sete anos sob orientação do francês Olivier Messiaen, realizou
gravações de seus principais ciclos para piano solo, como
"Vingt Regards sur l'Enfant Jesus" e "Catalogue d'Oiseaux".
Na década de 60, nos EUA,
conheceu nomes proeminentes da vanguarda daquele período, como o americano John
Cage, o alemão Karlheinz Stockhausen e o italiano Luciano
Berio. Em colaboração com Berio, em 1961, no Estúdio de Fonologia de Milão, fez sua primeira obra a unir música e teatro: "Apague Meu Spot Light".
"Esta pesquisa continuou em
diversos campos, usando música, teatro, vídeo, texto, instalações, numa convicção de que a
expressão sonora é inerente a
todas as formas de vida e tentando atingir um desenvolvimento orgânico da composição
e execução sem fronteiras entre vida e arte", afirma ela.
A busca de interação com os
meios de linguagens visuais
não enfraquece, contudo, o aspecto musical nas obras de
Jocy, que defende que suas
criações podem e devem ser
ouvidas, essencialmente, como
"música pura". "Vivemos numa
sociedade visual, e a percepção
auditiva diminui. Desenvolver
a percepção é um dos desafios
num trabalho multidisciplinar.
O ator, o bailarino não ouvem,
só vêem. O músico não vê, e sua
audição é limitada."
SOLO
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas,
141, tel. 5080-3000)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 12 anos
Quanto: R$ 16
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