São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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São Paulo abriga árvores raras e históricas, como a figueira-branca, no Parque da Luz

Na selva da cidade

Raphael Falavigna/ Folha Imagem
Árvore do parque do Ibirapuera, que não tem identificação de sua flora para o público


SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Com o início da primavera, uma boa oportunidade para fazer uma pausa do tom acinzentado e do concreto que afamam São Paulo é aproveitar durante os finais de semana os 4,5 metros quadrados de área verde que cada paulistano tem direito -cerca de três vezes menos do que recomenda a Organização Mundial da Saúde.
Os melhores lugares para transformar o vago número em uma chance concreta de ter um dia mais agradável são os 32 parques da cidade. Alguns deles escondem -literalmente- preciosidades da flora brasileira e mundial.
O parque mais popular de São Paulo, o Ibirapuera, com frequência de mais de 130 mil pessoas aos domingos, abriga bons exemplares da vegetação significativa encontrada na cidade.
Ao lado da sede da administração, há um ipê-roxo, árvore que, segundo estudos do professor da USP Walter Accorsi, possui a substância lapachol, de propriedades que tanto eliminam tumores cancerígenos e que impedem a ação letal de cupins.
Não muito distante dali é possível encontrar troncos de cedro, que servem de matéria-prima para o célebre perfume francês Chanel Nš 5.
Localizado no Bom Retiro, o Parque da Luz -o mais antigo da cidade, inaugurado em 1825- tem como destaque uma grande variedade de espécies e árvores centenárias. No passado, o parque foi um jardim botânico, onde exemplares oriundos de diferentes lugares eram plantados para experiências.
A árvore que mais chama a atenção por sua imponência é a figueira branca, localizada perto da Pinacoteca. Seu emaranhado de troncos e a frondosa copa guardaram o momento chave da tradição budista, a iluminação do príncipe Siddhartha Gautama.

Falta informação
Mesmo contando com a presença de árvores centenárias, raras e exóticas, São Paulo ainda não dispõe de um trabalho de identificação visual sobre a importância de cada espécie.
Segundo o engenheiro Luiz Rodolfo Keller, diretor da Escola de Jardinagem da Prefeitura, localizada no Ibirapuera, houve um esforço para colocar placas, "mas os próprios frequentadores destruíram o que tinha sido feito".
No Parque da Luz, o trabalho explicativo sobre a flora do jardim já se encontra desgastado pela chuva. As atuais placas foram colocadas para a exposição de reabertura do parque em 2000 e teriam vida útil de um ano, e hoje, em muitos locais, se encontram deterioradas.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente reconhece que somente 40% de todos os parques da cidade possuem identificação para as árvores, mas mesmo as existentes estão em condições precárias.
Job Ribeiro, assessor de Cooperação Externa da secretaria, órgão que serve de interface com governos e empresas, diz que a perspectiva é que a identificação da vegetação seja feita no próximo ano:
"Vamos definir um padrão, mas ainda estamos procurando parceiros da iniciativa privada para viabilizar nosso projeto".


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