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MÚSICA
Soprano americana faz apresentação gratuita com o italiano Alessandro Safina, às 11h de hoje, no parque Ibirapuera
"Não deixei a ópera", diz Barbara Hendricks
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Afastada há dois anos dos palcos de ópera, a soprano norte-americana Barbara Hendricks faz
hoje, ao lado do tenor de "O Clone", sua quinta aparição nos palcos de São Paulo.
Hendricks, que completa 54
anos de idade em novembro, canta, com Alessandro Safina, 39, no
parque Ibirapuera, em apresentação gratuita, dentro do projeto
Avon Women in Concert, no qual
a empresa de cosméticos está desembolsando R$ 1,7 milhão, financiados por leis de incentivo.
"Eu não deixei a ópera, que
sempre foi uma presença constante ao longo de meus 30 anos de
carreira", diz a cantora, cuja última montagem foi "Evguêni Oniéguin", de Tchaikovski, em Nice,
em 2000. "Gosto muito de qualidade, e a ópera nem sempre oferece as condições ideais de trabalho
que encontro em meus recitais
com piano e concertos com orquestra, nos quais tenho me concentrado ultimamente."
Nos anos 90, a carreira de Hendricks também não foi estranha a
concessões ao popular. Como
cantora de jazz, ela gravou álbuns
dedicados a George Gershwin e
Duke Ellington, tendo registrado
ainda um disco de canções de filmes da Disney.
Sua primeira apresentação ao
lado do italiano Safina foi em 91,
quando ambos atuaram na "Missa de Santa Cecília", de Gounod,
ao lado do barítono Gino Quilico.
Embora Safina diga não se considerar um cantor pop, não foi a
ópera que lhe trouxe fama. Assim
como seu compatriota Andrea
Bocelli, o cantor é conhecido por
emprestar seu vibrato característico de cantor lírico a temas pop
como a canção "Luna", tema de
Vera Fischer em "O Clone". "Luna" será incluída no repertório da
apresentação. Em cinco anos de
Avon Women in Concert, Safina é
o primeiro homem a ser admitido
nos palcos do evento.
Outra presença masculina no
concerto que homenageia as mulheres é o diretor artístico, o maestro Júlio Medaglia, 64, responsável pela arregimentação da Orquestra Filarmônica de Mulheres,
com 60 integrantes, provenientes,
em sua maioria, das orquestras
profissionais paulistanas. Elas se
apresentam em um palco com degraus, dentro da cenografia concebida por Cyro del Nero.
"Não foi difícil montar a filarmônica porque temos uma grande geração de musicistas do sexo
feminino, especialmente no naipe
de cordas", diz Medaglia. "Só há
carência no naipe de metais", afirma o maestro, que formou ainda
um pequeno coral, que faz intervenções na "Habanera", da ópera
"Carmen", de Bizet, e no "Brinde", de "La Traviata", de Verdi.
Medaglia, contudo, não rege a orquestra por ele criada. A batuta fica na mão de Cláudia Feres, regente titular da Orquestra de Câmara de Jundiaí.
De caráter popular, a apresentação começa com "Viagem ao
Centro da Terra", de Rick Wakeman. O primeiro item cantado
por Hendricks são as "Bachianas
Brasileiras nš 5", de Villa-Lobos,
que ela gravou nos anos 80. A soprano interpreta ainda a ária "O
Mio Babbino Caro", de "Gianni
Schicchi", de Puccini, e a "Habanera" (originalmente escrita para
mezzo-soprano), de "Carmen",
de Bizet, ao lado de canções de
Gershwin ("Summertime" e "It
Ain't Necessarily So", esta última
originalmente composta para tenor) e Bernstein ("I Feel Pretty").
Safina, por sua vez, além do hit
novelesco, interpreta "Maria", de
Bernstein, e três duetos com Hendricks: "O Soave Fanciulla" (da
ópera "La Bohème", de Puccini),
o "Brinde", da "Traviata", e "Tonight", de Bernstein.
BARBARA HENDRICKS - onde: parque
Ibirapuera - pça. da Paz (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nš). Quando: hoje, às
11h. Quanto: entrada franca.
Patrocinador: Avon.
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