São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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MÚSICA

Soprano americana faz apresentação gratuita com o italiano Alessandro Safina, às 11h de hoje, no parque Ibirapuera

"Não deixei a ópera", diz Barbara Hendricks

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Afastada há dois anos dos palcos de ópera, a soprano norte-americana Barbara Hendricks faz hoje, ao lado do tenor de "O Clone", sua quinta aparição nos palcos de São Paulo.
Hendricks, que completa 54 anos de idade em novembro, canta, com Alessandro Safina, 39, no parque Ibirapuera, em apresentação gratuita, dentro do projeto Avon Women in Concert, no qual a empresa de cosméticos está desembolsando R$ 1,7 milhão, financiados por leis de incentivo.
"Eu não deixei a ópera, que sempre foi uma presença constante ao longo de meus 30 anos de carreira", diz a cantora, cuja última montagem foi "Evguêni Oniéguin", de Tchaikovski, em Nice, em 2000. "Gosto muito de qualidade, e a ópera nem sempre oferece as condições ideais de trabalho que encontro em meus recitais com piano e concertos com orquestra, nos quais tenho me concentrado ultimamente."
Nos anos 90, a carreira de Hendricks também não foi estranha a concessões ao popular. Como cantora de jazz, ela gravou álbuns dedicados a George Gershwin e Duke Ellington, tendo registrado ainda um disco de canções de filmes da Disney.
Sua primeira apresentação ao lado do italiano Safina foi em 91, quando ambos atuaram na "Missa de Santa Cecília", de Gounod, ao lado do barítono Gino Quilico.
Embora Safina diga não se considerar um cantor pop, não foi a ópera que lhe trouxe fama. Assim como seu compatriota Andrea Bocelli, o cantor é conhecido por emprestar seu vibrato característico de cantor lírico a temas pop como a canção "Luna", tema de Vera Fischer em "O Clone". "Luna" será incluída no repertório da apresentação. Em cinco anos de Avon Women in Concert, Safina é o primeiro homem a ser admitido nos palcos do evento.
Outra presença masculina no concerto que homenageia as mulheres é o diretor artístico, o maestro Júlio Medaglia, 64, responsável pela arregimentação da Orquestra Filarmônica de Mulheres, com 60 integrantes, provenientes, em sua maioria, das orquestras profissionais paulistanas. Elas se apresentam em um palco com degraus, dentro da cenografia concebida por Cyro del Nero.
"Não foi difícil montar a filarmônica porque temos uma grande geração de musicistas do sexo feminino, especialmente no naipe de cordas", diz Medaglia. "Só há carência no naipe de metais", afirma o maestro, que formou ainda um pequeno coral, que faz intervenções na "Habanera", da ópera "Carmen", de Bizet, e no "Brinde", de "La Traviata", de Verdi. Medaglia, contudo, não rege a orquestra por ele criada. A batuta fica na mão de Cláudia Feres, regente titular da Orquestra de Câmara de Jundiaí.
De caráter popular, a apresentação começa com "Viagem ao Centro da Terra", de Rick Wakeman. O primeiro item cantado por Hendricks são as "Bachianas Brasileiras nš 5", de Villa-Lobos, que ela gravou nos anos 80. A soprano interpreta ainda a ária "O Mio Babbino Caro", de "Gianni Schicchi", de Puccini, e a "Habanera" (originalmente escrita para mezzo-soprano), de "Carmen", de Bizet, ao lado de canções de Gershwin ("Summertime" e "It Ain't Necessarily So", esta última originalmente composta para tenor) e Bernstein ("I Feel Pretty").
Safina, por sua vez, além do hit novelesco, interpreta "Maria", de Bernstein, e três duetos com Hendricks: "O Soave Fanciulla" (da ópera "La Bohème", de Puccini), o "Brinde", da "Traviata", e "Tonight", de Bernstein.

BARBARA HENDRICKS - onde: parque Ibirapuera - pça. da Paz (av. Pedro Álvares Cabral, s/nš). Quando: hoje, às 11h. Quanto: entrada franca. Patrocinador: Avon.



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