São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Crítica/"O Verdadeiro Amor"

Bem-sucedido, drama histórico sobre imigrantes evita o sentimentalismo

David Tumblety/Divulgação
Elizabeth Reaser como Inge no filme do estreante Ali Selim

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Os atores Ned Beatty (o Otis de "Superman"), John Heard (o pai de "Esqueceram de Mim") e Alan Cumming (o Noturno de "X-Men 2") são alguns dos veteranos que emprestam seu prestígio à produção independente norte-americana "O Verdadeiro Amor", realizada pelo estreante Ali Selim com orçamento de US$ 1 milhão -reduzido até mesmo para os padrões brasileiros. Cumming é também co-produtor desse drama histórico bem-sucedido em festivais, mas de modesta carreira comercial. Embora finalizado em 2005, só entrou em cartaz nos EUA no final de 2006, em circuito reduzido. No Brasil, encontra agora brecha quase milagrosa nos cinemas antes do lançamento em DVD. O fundo romântico da trama prevalece no título brasileiro, mas o original ("Sweet Land", doce terra) se aproxima mais da essência do argumento, baseado em conto de Will Weaver: as dificuldades enfrentadas por imigrantes que chegaram aos EUA pouco depois da Primeira Guerra Mundial. A alemã Inge (Elizabeth Reaser, de "Tudo em Família" e da temporada mais recente da série "Grey's Anotomy") sente o preconceito na pele ao desembarcar em uma zona rural de Minnesota para um casamento arranjado à distância com um fazendeiro de origem norueguesa, Olaf (Tim Guinee, de "Homem de Ferro"). Ela não fala inglês, não tem a documentação em ordem e, para complicar, informa alegremente que foi militante socialista na Alemanha. Por outro lado, é linda, cativante e determinada. Ainda que tudo conspire para sua volta à Europa, não desistirá facilmente do sonho americano, que inclui o marido prometido. Selim opta por abrir o filme com o foco na terceira geração da família, hoje, e no dilema sobre o que fazer com a extensa e valorizada propriedade. Em seguida, um longo flashback reconstitui a história de Inge e Olaf. Pouco importa o suspense em torno do final feliz já anunciado; o interesse está em descobrir como se chegou a ele. Para isso, boas cartas na manga são imprescindíveis. Selim as guarda para o desenlace, de forma contida, sem entregar-se ao sentimentalismo.

O VERDADEIRO AMOR

Produção: EUA, 2005
Direção: Ali Selim
Com: Elizabeth Reaser, Lois Smith e Patrick Heusinger
Onde: estréia amanhã nos cines Espaço Unibanco Pompéia e Frei Caneca Unibanco Arteplex
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Avaliação: bom



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