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Masp exibe expressionismo alemão
Mostra reúne 19 obras de Paula Modersohn-Becker e 73 trabalhos de artistas do grupo de Worpswede
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Na noite de Réveillon, virada
para o século 20, Paula Modersohn-Becker abandonou o povoado alemão de Worpswede
para viver parte da vida que
chamou de "celebração curta e
intensa" em Paris. Lá, viu os
quadros de Van Gogh, Gauguin
e Cézanne -os deste último,
como escreveu em seu diário,
eram como uma tempestade.
A artista alemã faria depois
constantes viagens entre a capital francesa e o vilarejo de
Worpswede, onde se radicara
com outros cinco artistas em
busca de maior contato com a
natureza. Por isso, foi a artista
que serviu de ponte entre o impressionismo francês de Van
Gogh, que também preferia o
campo à cidade, e o expressionismo alemão de Otto Dix e
George Grozs, nos anos 20.
São 19 obras de Modersohn-Becker ao lado de outros 73 trabalhos de artistas do chamado
grupo de Worpswede que o
Masp exibe a partir de hoje.
"É uma semente de mudança
que depois explode com grande
força 20 anos mais tarde na
Alemanha", resume o curador
do Masp, Teixeira Coelho.
Num momento de crescimento descontrolado das cidades, o início do século 20 viu
entre artistas e intelectuais
uma repulsa à vida urbana e
tentativas de retorno ao campo,
começando pela escola paisagística de Barbizon, na França,
que inspirou comunidades parecidas em toda a Europa.
Worpswede, na Alemanha,
concentrou Modersohn-Becker, seu marido Otto Modersohn, Fritz Overbeck, Heinrich
Vogeler, Fritz Mackensen e
Hans am Ende, todos com
obras agora no Masp.
Também migrou para
Worpswede o poeta alemão
Rainer Maria Rilke, que ajudou
a dar visibilidade ao grupo de
artistas. A poesia que escreveu
lá parecia justificar o isolamento: "Os caminhos e cursos d'água nos levam ao horizonte, onde começa um céu de variedade
e imensidão indescritíveis, refletido em cada folha".
Mas a força motriz foi mesmo Modersohn-Becker, que
avançou no traço rumo à modernidade, incorporando as
formas simples e a construção a
partir do volume -técnica que
alçou Cézanne à condição de
gênio- à arte alemã.
A gravura "A Mulher com o
Ganso" (1902) é o exemplo
mais claro desse avanço. A ave é
uma mancha branca compacta
sobre um fundo negro, em contraste com a mulher -por sua
vez, um volume cúbico.
"Acho que todos estão chocados comigo, mas preciso continuar", escreveu Modersohn-Becker à irmã, Milly, sobre a
reação dos contemporâneos a
seus trabalhos. "Não posso recuar, vou adiante, só que no
meu espírito e na minha pele."
PAULA MODERSOHN-BECKER E
OS ARTISTAS DE WORPSWEDE
Quando: de ter. a dom., das 11h às
18h; qui., das 11h às 20h; até 5/10
Onde: Masp (av. Paulista, 1.578, tel.
3251-5644; livre)
Quanto: R$ 15; grátis às terças
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