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Antiglobalizantes querem "melhorar" imagem e montam esquema próprio de segurança
Segurança inclui até mísseis antiaéreos
MARIA LUIZA ABBOTT
ENVIADA ESPECIAL A LAUSANNE
A maior manifestação do movimento antiglobalização durante a reunião do G8 está prevista para hoje, mas vai acontecer longe de Evian, onde estarão
os dirigentes desse grupo dos sete países mais ricos, mais a Rússia, e seus convidados de países
em desenvolvimento.
Essa cidade francesa, separada
da Suíça pelo Lago Leman, foi
isolada por um esquema de segurança que inclui baterias de
mísseis antiaéreos, aviões de
prontidão para proteção do espaço aéreo e patrulhamento do
lago onde há até mergulhadores.
Somente os participantes da
reunião poderão entrar em
Evian. Os manifestantes protestarão na fronteira com a Suíça,
depois de marcharem de Annemasse -onde estão alojados, a
50 km de Evian- e de Genebra,
de onde deve sair outro grupo.
Hoje é o dia em que começa
oficialmente o encontro de cúpula, com a chamada reunião do
diálogo ampliado, da qual participam, além dos dirigentes do
G8, os líderes dos países em desenvolvimento, que viajam de
barco desde Lausanne -onde
estão hospedados no luxuoso
hotel Beau Rivage- até Evian.
Serão recebidos no porto pelo
presidente da França, Jacques
Chirac, e seguem para o hotel
Royal Parc Evian, local da reunião, e que se anuncia como o
"hotel mais bonito do mundo".
"Le Royal", como chamam os
franceses, foi construído no século 19, no apogeu da "belle époque" e do balneário de Evian,
que ganhou fama por suas "fontes de águas curativas", descobertas em 1790. A descoberta
trouxe enorme prosperidade à
cidade, que tem 7.000 habitantes
oficiais, mas chega a registrar 30
mil, graças ao turismo.
Situada nos Alpes, Evian preserva até hoje a arquitetura barroca da época, onde se destaca o
Royal, que fica em um parque de
17 hectares com árvores centenárias e áreas de golfe. Nesse hotel, estão os líderes do G8 e na
sua varanda com vista para o lago e as montanhas será o almoço
para os dirigentes mundiais.
Ao mesmo tempo, os participantes da cúpula alternativa antiglobalização estarão saindo de
Annemasse para a marcha de
protesto. A cidade se preparou
para evitar a violência que caracterizou os protestos em reuniões
anteriores do G8, como a de Gênova, na Itália, em que um manifestante foi morto. A região
das três cidades -na fronteira
entre França e Suíça- está protegida por 27 mil militares e policiais franceses, suíços e alemães.
Muitos moradores decidiram
sair de Annemasse e os donos
das lojas da cidade cobriram as
vitrines com madeira, com medo de quebra-quebra.
Mas até agora não houve incidentes sérios. Os líderes das
principais organizações antiglobalização criaram esquemas de
segurança, ainda assombrados
pela lembrança de Gênova.
"Não temos tido sucesso em
passar nossa mensagem ao
grande público, pois nosso movimento parece evocar sobretudo as imagens de violência",
afirmou Yoann Boget, um dos
coordenadores suíços do movimento, ao jornal "Le Monde".
Boget acusa a imprensa pela
imagem do movimento.
A mensagem que eles gostariam que ficasse é a de que o G8 é
"ilegal, pois embora os líderes tenham sido eleitos democraticamente, o foram em seus países, e
não têm mandato para decidir a
ordem mundial", como diz o
manifesto do movimento. Uma
das organizações mais ativas nos
protestos antiglobalização, a Attac -criada em 1998 como um
"movimento internacional para
o controle democrático dos
mercados financeiros e de suas
instituições"- acusa o G8 de
não ter cumprido as promessas.
"O G8 nos prometeu a estabilidade financeira, e temos a crise
das Bolsas, o crescimento econômico, e estamos em depressão, a diminuição da distância
entre países ricos e pobres, mas
essa diferença só cresce", diz o
presidente da Attac, Jacques Nikonoff. Na terça-feira, os líderes
do movimento de protestos devem entregar um documento ao
presidente francês.
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