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Especialistas colocam em xeque papel do G8
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Publicada anteontem, uma pesquisa realizada pelo instituto
francês Ipsos revelou que nem
metade da população de sete países do G8 (os sete países mais industrializados do mundo mais a
Rússia) crê que o grupo em si tenha muita influência sobre o destino das relações internacionais.
A constatação não é uma novidade, de acordo com especialistas
consultados pela Folha. A reunião do G8 também deverá confirmar essa percepção, sobretudo
porque ela ocorre num momento
geopolítico bastante desfavorável,
já que as duas maiores potências
econômicas européias -a França
e a Alemanha- e a única superpotência mundial -os Estados
Unidos- têm inúmeras diferenças a resolver.
Ademais, fora da esfera econômica, o G8 raramente tomou decisões que tivessem grande impacto global. "O G8 nunca foi algo
realmente importante na cena internacional, funcionando mais
como uma oportunidade para
que os líderes possam aparecer na
mesma foto", afirmou Charles
Kupchan, do Council on Foreign
Relations (Washington).
"Por razões internas e externas,
tanto [Jacques] Chirac [presidente francês] quanto [Gerhard]
Schröder [chanceler -premiê-
alemão] buscam uma reaproximação com os EUA. Tanto que
apoiaram a resolução 1483 do
Conselho de Segurança sobre a
reconstrução do Iraque", disse
Françoise de la Serre, especialista
em UE do Centro de Estudos e de
Pesquisas Internacionais (Paris).
Para Kupchan, a crise diplomática que precedeu a guerra no Iraque foi decisiva para o futuro das
relações internacionais. "Alguns
países europeus, como a França, a
Alemanha e a Bélgica, já notaram
que seus interesses nem sempre
são levados em conta por Washington. Outros, como o Reino
Unido, ainda não, mas isso não
ocorrerá nos próximos anos."
Assim, no campo político, salvo
alguma atitude intempestiva das
autoridades americanas, que admitem ainda não ter esquecido a
oposição franco-alemã à guerra, o
G8 deverá tratar só de assuntos
mais ou menos consensuais.
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