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ELEIÇÕES 2004/CAMPANHA
Tavares torna público que se afastou politicamente após sofrer ataques do sistema de comunicação da família do ex-presidente
Governador do MA rompe com Sarneys
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Afiliado político do ex-presidente e senador José Sarney
(PMDB-AP), o governador do
Maranhão, José Reinaldo Tavares
(PFL), tornou público que está
rompido politicamente com a família Sarney no Estado. Disse que,
desde abril passado, o Sistema
Mirante de Comunicação, que
pertence à família Sarney e reúne
TV, rádio e jornal, iniciou uma
campanha contra sua gestão.
"Tenho sido atacado pelos
meios de comunicação [da família] e resolvi responder."
Para Tavares, as críticas contra
sua administração surgiram após
ele retirar o apoio à candidatura
de Ricardo Murad (PSB), cunhado da senadora Roseana Sarney
(PFL), à Prefeitura de São Luís.
"Resolvi abandonar a candidatura dele e [Murad] começou
uma guerra muito grande contra
mim. Não sei se foi por isso."
O diretor de jornalismo do Sistema Mirante de Comunicação,
Rômulo Barbosa, negou a acusação de Tavares.
"Não está havendo campanha
contra o governador", disse Barbosa. "Há apenas a cobertura jornalística, pautada em fatos e documentos."
Em entrevista à TV Difusora,
em São Luís (MA), o governador
evitou citar nominalmente a ex-governadora, mas criticou o empréstimo de R$ 320 milhões, contraído em 1999, para sanear o
BEM (Banco do Estado do Maranhão) e colocá-lo à venda. O banco, que foi federalizado em 2000,
foi vendido ao Bradesco em fevereiro passado por R$ 78 milhões.
"É como se uma pessoa tivesse
um carro no valor de R$ 3.000 e
pedisse emprestado de R$ 13 mil a
15 mil para preparar e vender o
carro", disse o governador.
O ex-presidente do BEM Afonso Celso Pantoja, que acompanhou o processo de privatização
do banco, disse que a dívida "não
causa embaraço algum à receita
do Estado porque nem um centavo dela foi pago até agora".
Para o governador, o aumento
da dívida do Maranhão na gestão
passada, aliado à queda nos repasses federais, é responsável pela
atual dificuldade financeira do Estado. Em junho, o governo cortou
30% dos vencimentos dos cargos
em comissão e 30% do valor das
gratificações para reduzir gastos.
Tavares foi vice-governador de
Roseana nos dois mandatos dela à
frente da administração do Estado. No mandato de Sarney na
Presidência da República (1985-1990), Tavares assumiu a pasta
dos Transportes.
Os atritos e as provocações entre Tavares e a família Sarney começaram há algum tempo, mas
só agora foram explicitados por
parte do governador.
Em maio passado, Tavares extinguiu a Gerência de Desenvolvimento da Região Metropolitana,
ocupada por Murad, que ficou
sem cargo público. Na mesma
época, o governo suspendeu a veiculação de publicidade nos veículos do Sistema Mirante. Em junho, Tavares encaminhou um
projeto de lei à Assembléia Legislativa substituindo as gerências
administrativas, símbolo da gestão de Roseana, pelas tradicionais
secretarias de Estado.
Na época, todas as ações foram
justificadas pela necessidade do
governo de cortar custos.
A assessoria de imprensa da senadora Roseana Sarney disse que
ela não ia comentar a afirmação
do governador.
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