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HERANÇA BENDITA
Ministro nega que texto de projeto do governo federal seja elogioso a FHC e diz que relato da situação foi frio
Faltou pactuação a tucanos, diz Gushiken
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Confrontado com o texto final,
já impresso, do livro de apresentação do projeto Brasil em Três
Tempos, o ministro Luiz Gushiken, da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica da Presidência da República), diz não enxergar ali elogios à administração de FHC.
Para Gushiken, trata-se de um
relato frio do que ocorreu com o
planejamento federal ao longo
dos anos. Na sua avaliação, o
grande projeto de futuro tucano,
o Brasil 2020, "acabou não dando
certo". Por quê? "Porque é necessário haver um bom nível de pactuação interno, no governo, e externo, com a sociedade. Por essa
razão não funcionou, como também não funcionou o Avança
Brasil" -diz, citando outro carro-chefe da era FHC.
Gushiken faz uma ressalva para
o trabalho executado pela extinta
SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos). "Era algo de qualidade, mas a SAE ficava ilhada dentro
do governo. Agora, estamos fazendo diferente, trazendo os ministros para dentro do planejamento, envolvendo todos, convencendo. Há uma pactuação para que dê certo", diz.
Na opinião do titular da Secom,
os instrumentos criados durante
o governo FHC não foram ferramentas de planejamento. "A Lei
de Responsabilidade Fiscal contribuiu para uma maior eficiência
do planejamento, mas é um instrumento de gestão".
Uma das pessoas mais interessadas em planejamento de longo
prazo no governo federal, Gushiken diz que seu objetivo é criar
uma metodologia com o Brasil
em Três Tempos que possa ser
usada por próximas gestões.
Acredita que o envolvimento de
vários ministros será essencial para que a empreitada dê certo.
Amigo pessoal de Lula e sem
pretensões político-eleitorais,
Gushiken é o integrante da alta
cúpula federal que mais fica à
vontade no contato direto com o
presidente da República. Costuma brincar que, "no governo,
99% das cabeças só pensam o curto prazo". Para ele, o PPA (plano
plurianual criado pela Constituição de 88) "é uma coisa boa por
ter introduzido a cultura do médio prazo". Cada PPA abrange períodos de quatro anos.
"É necessário visão de longo
prazo e fazer apostas em determinadas áreas. O Brasil tem uma
plataforma excepcional para alta
tecnologia. O governo pode apostar nessa área. Ter coragem para
apostar é importante. Por exemplo, em nanotecnologia. Já tenho
agendada reunião com vários ministros para tratar do tema", diz.
Por que dará certo o projeto
Brasil em Três Tempos, quando
outros governos fracassaram nessa empreitada? Além de repetir
que a administração Lula fará a
"pactuação interna e externa",
Gushiken diz que o trabalho será
realizado também de maneira
segmentada: energia, tecnologia
da informação, biodiesel, nanotecnologia (um dos temas prediletos do ministro), agricultura etc.
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