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Estudo da era FHC tentou prever cenários
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil ruma para Caaetê? A palavra indígena que
designa a região da Amazônia inundada no período das
enchentes batizava o cenário
mais pessimista do estudo
Brasil 2020, parente mais
próximo do Brasil em Três
Tempos, que o governo prepara agora, num reincidente
esforço de planejamento de
longo prazo.
Os sucessivos apertos fiscais registrados desde a crise
asiática de 1997 -ano da
publicação do Brasil 2020-
e o ritmo lento da economia
desde então aproximaram o
país das previsões mais dramáticas: falta de investimento, alta concentração de renda, alto desemprego e elevado número de pobres.
Para um dos coordenadores do estudo, o embaixador
Edmundo Fujita, atual chefe
do departamento da Ásia e
Oceania do Itamaraty, as
previsões feitas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos
da Presidência da República
simplesmente falharam em
todos os cenários. "O crescimento da economia ficou
muito abaixo das projeções,
o estudo ficou fora de foco."
Os Cenários Brasil 2020 foram levados aos arquivos do
CGEE (Centro de Gestão e
Assuntos Estratégicos), uma
espécie de núcleo de inteligência que presta serviços ao
governo federal.
Estimulados pelos resultados da primeira fase do Plano Real e sem digerir o significado da crise asiática que
abalaria países emergentes
como o Brasil em 1997, os 70
especialistas ouvidos pelo
governo Fernando Henrique Cardoso apostaram
num ritmo acelerado de
crescimento da economia.
O cenário Abatiapé, o mais
otimista de todos, indicava
que a taxa de desemprego
em 2005 estaria em 6%, menos da metade do índice registrado nas regiões metropolitanas em 2003.
O cenário Baporé, intermediário, levava em conta
um ritmo de crescimento
"moderado" da economia,
algo em torno de 4,6% até
2006, bem distante da queda
de 0,2% do Produto Interno
Bruto verificada em 2003.
Nem o mais pessimista dos
cenários previu a crise energética em 2001.
Outro grande esforço de
planejamento estatal custou
R$ 13 milhões ao BNDES no
ano seguinte à divulgação
dos Cenários Brasil 2020.
Em 1998, ano da reeleição de
FHC, o governo contratou
especialistas para identificar
oportunidades de investimentos públicos e privados.
As obras planejadas então
deveriam ter saído do papel
no segundo mandato de
FHC. Por falta de verba, boa
parte nunca saiu de lá.
(MS)
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