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Possível ministro do PT, candidato derrotado do
PPS diz que presidente eleito receberá "abacaxi" do atual governo
Ciro diz que Lula deve esclarecer o país para "desastre em curso"
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O candidato derrotado do PPS à
Presidência da República, Ciro
Gomes, um dos nomes na lista
dos ministeriáveis do próximo
governo, defendeu ontem em Recife que o presidente eleito, Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), faça um
"esclarecimento público" da situação em que se encontra o país.
Segundo Ciro, "há um desastre
em curso", e a população "precisa
saber o que está acontecendo".
Para o ex-candidato, Lula receberá "um abacaxi" do atual presidente Fernando Henrique Cardoso. O líder do PPS acusou FHC de
"manipular a transição despudoradamente" para tentar esconder
o "descalabro" e "fazer crer que
está tudo bem".
"Por tudo isso, é de boa prudência haver esse esclarecimento",
afirmou. Ciro recomendou que o
discurso de Lula seja feito "sem
emoção", baseado unicamente
nos números e informações coletados por sua equipe de transição.
"É preciso mostrar a situação da
dívida, do câmbio, as receitas, as
taxas de investimento, a Previdência, a saúde. É preciso mostrar
que está tudo sendo destruído por
um desgoverno", declarou.
De barba, que geralmente é associada aos petistas, o candidato
derrotado do PPS disse que não
comentaria sua possível indicação para o Ministério da Previdência. Afirmou que essa era a
forma que encontrou de deixar o
futuro presidente "livre de pressões para escolher os melhores".
Sobre a Previdência, Ciro afirmou apenas que via três causas
para os problemas na pasta: a informalidade de mais de 50% dos
trabalhadores, o envelhecimento
da população e as fraudes, "nessa
ordem de importância". Ele não
quis dizer quais as soluções que
teria para esses problemas.
Novo visual
Questionado sobre seu novo visual, Ciro disse que deixou crescer
a barba apenas porque está em férias. "Vou cortar quando voltar
ao trabalho", declarou. Coincidência ou não, ele afirmou que
voltará às atividades no dia 1º de
janeiro, data da posse de Lula.
Ciro elogiou o comportamento
do presidente eleito na transição.
Disse que Lula "está sendo hábil
em desmontar antagonismos precoces, gerando atitudes positivas
internamente e externamente".
Entretanto, afirmou que "não
há soluções mágicas" para os problemas do país "tamanho o descalabro que ocorre no atual governo". As perspectivas para 2003,
"sem levar em conta as alterações
que podem ser introduzidas", disse, são de "pressão inflacionária,
estagnação e crescimento zero".
Ciro previu também mais desemprego, falências, concordatas,
inadimplência e falta de energia
elétrica no Nordeste em 2004.
O líder do PPS fez ainda críticas
ao acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional, lembrando que o memorando ao
qual teve acesso durante as eleições prevê a redução da proporção das receitas partilhadas por
Estados e municípios e a instituição da cobrança da contribuição
previdenciária dos aposentados.
Ciro foi a Pernambuco para fazer uma palestra em uma empresa em Gravatá, na região agreste.
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