São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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Possível ministro do PT, candidato derrotado do PPS diz que presidente eleito receberá "abacaxi" do atual governo

Ciro diz que Lula deve esclarecer o país para "desastre em curso"

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O candidato derrotado do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, um dos nomes na lista dos ministeriáveis do próximo governo, defendeu ontem em Recife que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faça um "esclarecimento público" da situação em que se encontra o país.
Segundo Ciro, "há um desastre em curso", e a população "precisa saber o que está acontecendo". Para o ex-candidato, Lula receberá "um abacaxi" do atual presidente Fernando Henrique Cardoso. O líder do PPS acusou FHC de "manipular a transição despudoradamente" para tentar esconder o "descalabro" e "fazer crer que está tudo bem".
"Por tudo isso, é de boa prudência haver esse esclarecimento", afirmou. Ciro recomendou que o discurso de Lula seja feito "sem emoção", baseado unicamente nos números e informações coletados por sua equipe de transição.
"É preciso mostrar a situação da dívida, do câmbio, as receitas, as taxas de investimento, a Previdência, a saúde. É preciso mostrar que está tudo sendo destruído por um desgoverno", declarou.
De barba, que geralmente é associada aos petistas, o candidato derrotado do PPS disse que não comentaria sua possível indicação para o Ministério da Previdência. Afirmou que essa era a forma que encontrou de deixar o futuro presidente "livre de pressões para escolher os melhores".
Sobre a Previdência, Ciro afirmou apenas que via três causas para os problemas na pasta: a informalidade de mais de 50% dos trabalhadores, o envelhecimento da população e as fraudes, "nessa ordem de importância". Ele não quis dizer quais as soluções que teria para esses problemas.

Novo visual
Questionado sobre seu novo visual, Ciro disse que deixou crescer a barba apenas porque está em férias. "Vou cortar quando voltar ao trabalho", declarou. Coincidência ou não, ele afirmou que voltará às atividades no dia 1º de janeiro, data da posse de Lula.
Ciro elogiou o comportamento do presidente eleito na transição. Disse que Lula "está sendo hábil em desmontar antagonismos precoces, gerando atitudes positivas internamente e externamente".
Entretanto, afirmou que "não há soluções mágicas" para os problemas do país "tamanho o descalabro que ocorre no atual governo". As perspectivas para 2003, "sem levar em conta as alterações que podem ser introduzidas", disse, são de "pressão inflacionária, estagnação e crescimento zero".
Ciro previu também mais desemprego, falências, concordatas, inadimplência e falta de energia elétrica no Nordeste em 2004.
O líder do PPS fez ainda críticas ao acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional, lembrando que o memorando ao qual teve acesso durante as eleições prevê a redução da proporção das receitas partilhadas por Estados e municípios e a instituição da cobrança da contribuição previdenciária dos aposentados.
Ciro foi a Pernambuco para fazer uma palestra em uma empresa em Gravatá, na região agreste.



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