São Paulo, domingo, 01 de dezembro de 2002

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TRANSIÇÃO ECONÔMICA

Cotado para a presidência do órgão, economista diz que ajuda deve ter plano fundamentado e garantias

Coutinho defende ajuda de BNDES à Varig

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve ajudar a salvar a Varig, desde que a empresa tenha chances objetivas de recuperação e o banco receba garantias sólidas do empréstimo.
A opinião é do economista Luciano Coutinho, 56, professor da Unicamp e um dos nomes cotados para ocupar a presidência do BNDES no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com o que a Folha apurou.
O economista nega, no entanto, que tenha sido convidado para fazer parte do novo governo.
Para Luciano Coutinho, o governo deve sempre tentar salvar uma empresa, desde que ela tenha condições de se reestruturar economicamente, dentro de um plano bem fundamentado e reconhecido pelo mercado.
Para o economista, deixar fechar uma empresa é a pior alternativa. "Se houver chance de recuperação de uma empresa, essa opção deve ser tentada", afirmou.

Banco-hospital
O economista deixou claro que é radicalmente contra a volta da chamada operação hospital do BNDES. A fama de "banco-hospital" vem das décadas de 70 e 80, quando a instituição foi utilizada pelo governo federal para socorrer companhias em dificuldades financeiras.
De acordo com Coutinho, essa época de "hospital" já passou no BNDES. O banco, segundo ele, dispõe de quadros técnicos competentes que não permitiriam a aprovações de operações desse tipo. "Espero que se encontre uma solução racional para o caso da Varig", disse Coutinho.
O economista ressalta também o fato de não conhecer em detalhes, a não ser através de notícias de jornais, a operação que está sendo montada no BNDES para salvar a Varig. Ele acha, porém, que se houver uma solução para a empresa, maiores são as chances de se resgatar os recursos públicos empenhados na empresa. Entre os credores da Varig, se incluem o BNDES e a BR Distribuidora.
A empresa tem uma dívida de US$ 900 milhões. Desse total, R$ 339 milhões são débitos com a estatal Infraero. À BR Distribuidora, fornecedora de querosene de aviação, a Varig deve R$ 140 milhões.

Perfil
Economista, professor da Unicamp e sócio da consultoria LCA, Luciano Coutinho foi secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia no governo de José Sarney. Ele faz parte do grupo de economistas que se tornaram consultores do PT.
Durante a campanha, ele contribuiu com o PT com sugestões ligadas à política industrial, sua especialidade. O próprio Lula já citou o nome dele como um dos economistas com quem teve conversas frequentes nos últimos quatro anos.
Luciano Coutinho está atualmente concluindo um amplo trabalho composto de 20 estudos setoriais com propostas de política industrial para o Brasil que deverá ser entregue na próxima semana ao ministro do Desenvolvimento, Sérgio Amaral.
Há duas semanas, uma primeira versão dos estudos foi apresentada por Coutinho ao ministro Sérgio Amaral e a um grupo de técnicos do BNDES e do Ministério do Desenvolvimento, em reunião fechada em São Paulo. O objetivo do trabalho é apresentar sugestões de formulação de política industrial a ser executada pelo novo governo.



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