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TRANSIÇÃO ECONÔMICA
Cotado para a presidência do órgão, economista diz que ajuda deve ter plano fundamentado e garantias
Coutinho defende ajuda de BNDES à Varig
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) deve ajudar a salvar a Varig, desde que a empresa tenha
chances objetivas de recuperação
e o banco receba garantias sólidas
do empréstimo.
A opinião é do economista Luciano Coutinho, 56, professor da
Unicamp e um dos nomes cotados para ocupar a presidência do
BNDES no governo de Luiz Inácio
Lula da Silva, de acordo com o
que a Folha apurou.
O economista nega, no entanto,
que tenha sido convidado para fazer parte do novo governo.
Para Luciano Coutinho, o governo deve sempre tentar salvar
uma empresa, desde que ela tenha
condições de se reestruturar economicamente, dentro de um plano bem fundamentado e reconhecido pelo mercado.
Para o economista, deixar fechar uma empresa é a pior alternativa. "Se houver chance de recuperação de uma empresa, essa
opção deve ser tentada", afirmou.
Banco-hospital
O economista deixou claro que
é radicalmente contra a volta da
chamada operação hospital do
BNDES. A fama de "banco-hospital" vem das décadas de 70 e 80,
quando a instituição foi utilizada
pelo governo federal para socorrer companhias em dificuldades
financeiras.
De acordo com Coutinho, essa
época de "hospital" já passou no
BNDES. O banco, segundo ele,
dispõe de quadros técnicos competentes que não permitiriam a
aprovações de operações desse tipo. "Espero que se encontre uma
solução racional para o caso da
Varig", disse Coutinho.
O economista ressalta também
o fato de não conhecer em detalhes, a não ser através de notícias
de jornais, a operação que está
sendo montada no BNDES para
salvar a Varig. Ele acha, porém,
que se houver uma solução para a
empresa, maiores são as chances
de se resgatar os recursos públicos
empenhados na empresa. Entre
os credores da Varig, se incluem o
BNDES e a BR Distribuidora.
A empresa tem uma dívida de
US$ 900 milhões. Desse total, R$
339 milhões são débitos com a estatal Infraero. À BR Distribuidora, fornecedora de querosene de
aviação, a Varig deve R$ 140 milhões.
Perfil
Economista, professor da Unicamp e sócio da consultoria LCA,
Luciano Coutinho foi secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia no governo de José Sarney. Ele faz parte do grupo
de economistas que se tornaram
consultores do PT.
Durante a campanha, ele contribuiu com o PT com sugestões ligadas à política industrial, sua especialidade. O próprio Lula já citou o nome dele como um dos
economistas com quem teve conversas frequentes nos últimos
quatro anos.
Luciano Coutinho está atualmente concluindo um amplo trabalho composto de 20 estudos setoriais com propostas de política
industrial para o Brasil que deverá
ser entregue na próxima semana
ao ministro do Desenvolvimento,
Sérgio Amaral.
Há duas semanas, uma primeira versão dos estudos foi apresentada por Coutinho ao ministro
Sérgio Amaral e a um grupo de
técnicos do BNDES e do Ministério do Desenvolvimento, em reunião fechada em São Paulo. O objetivo do trabalho é apresentar sugestões de formulação de política
industrial a ser executada pelo novo governo.
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