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MANDATO INTERROMPIDO/OUTRO LADO
Prefeitos que foram obrigados a sair justificam atos e dizem sofrer perseguição
Cassados apontam erros da Justiça e culpam a oposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ouvidos pela Folha, os prefeitos cassados foram unânimes em
afirmar que a Justiça errou no caso deles e que houve uma ação revanchista da oposição derrotada
para retirá-los dos cargos.
"Tem prefeito bandido, mas
tem promotor e juiz mais bandido ainda", afirmou o ex-prefeito
de Cambuquira (MG) Rubens
Barros Santos (PL), cassado sob a
acusação de uso de verbas do Bolsa-Escola para fazer propaganda.
Santos diz que a distribuição às
famílias foi feita às vésperas das
eleições porque o governo federal
atrasou o repasse. "Havia uma
carta dizendo que, se não fosse
feita a distribuição em 30 dias, o
repasse seria suspenso", disse.
Sobre o fato de ter distribuído às
famílias cheques da prefeitura assinados por ele, Santos diz que
não havia outra forma, naquela
época, de fazer o repasse. "Fui absolvido na esfera criminal", acrescentou o ex-prefeito.
O ex-prefeito de Cajamar (SP)
Antonio Carlos Oliveira Ribas de
Andrade (PTB) confirmou ter escrito cinco bilhetes encaminhando pessoas à auto-escola, mas
afirma que isso ocorreu antes do
período eleitoral. Ele passou à reportagem documentos da auto-escola que provariam isso e que
são objetos de recurso ainda não
julgado e que tramita em Brasília.
"Houve um complô desta auto-escola com o atual prefeito", disse
Andrade, acrescentando que os
testemunhos contra ele foram
forjados mediante pagamentos
que teriam sido feitos por seus adversários políticos.
Tapetão
O ex-prefeito de Jussiape (BA)
Sílio Luz Souza (PMDB) também
atribuiu à oposição e a um erro da
Justiça a sua cassação.
Ele nega ter mantido contato
com a testemunha que afirma ter
sido paga para votar nele.
"A oposição aproveitou-se desta senhora e quis ganhar no tapetão", disse o ex-prefeito de Jussiape, ressaltando ter vencido a eleição por 417 votos de diferença.
O advogado Luiz Cláudio Ferreira dos Reis, que prestou assessoria jurídica ao ex-prefeito de
Matozinhos (MG), Adão Pereira
Santos (PMN), afirmou que a única suspeita se relacionava à doação de uma cesta básica.
"Não ficou provada ligação do
deputado com o prefeito, apesar
de serem cunhados. Houve uma
denúncia não devidamente apurada de [doação de] uma cesta básica, com a testemunha orientada
pela oposição", disse.
A Folha ligou diversas vezes,
durante a semana passada, para a
casa do ex-prefeito de Campos
Borges (RS) Olivan Antonio de
Bortoli (PP). Deixou recados, explicando qual era o teor da reportagem. Uma mulher que não quis
se identificar afirmou, após algumas ligações, que Bortoli não falaria com a reportagem.
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