|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO NO AR/OUTRO LADO
Compromissos de trabalho nos Estados de origem servem de argumento para justificar viagens
Ministros citam decretos e "agenda oficial"
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Parte dos ministros que utilizam aviões da FAB (Força Aérea
Brasileira) ou vôos comerciais para ir às suas cidades de origem
passar finais de semana ou feriados justifica a opção citando dois
decretos que autorizam a prática.
Outra parte dos ministros alega
que "sempre há" uma agenda oficial a ser cumprida no destino.
A assessoria do ministro Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) citou a
existência dos decretos presidenciais que permitem o deslocamento à "residência permanente". Segundo a assessoria, Bastos
"normalmente despacha um dia
da semana em São Paulo", que é
um "Estado extremamente relevante". Ele usaria como locais de
trabalho o prédio da Polícia Federal e o escritório da Presidência da
República na avenida Paulista.
Bastos recebe R$ 1.800 mensais
de auxílio-moradia.
O segundo local também é citado pela assessoria do ministro
Guido Mantega (Planejamento)
como ponto de trabalho semanal.
Segundo a assessoria, o ministro
"tem por hábito despachar em
São Paulo". Seriam audiências reservadas com políticos, empresários e representantes de entidades
ligadas ao ramo da indústria e de
infra-estrutura.
O ministro interino das Cidades, Dirceu Lopes, disse que sempre que o ministro Olívio Dutra
foi a Porto Alegre havia um compromisso oficial. "O ministro só
viaja quando tem agenda. Portanto, é viagem de serviço, todas as
viagens foram a serviço", disse
Lopes. Ele informou que "a parcimônia com que lida com essa
questão [gastos públicos] é uma
constante na vida pública de Olívio Dutra".
A assessoria do ministro Miguel
Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) informou que ele sempre cumpre uma agenda em seus
deslocamentos para Porto Alegre.
A assessoria do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, informou que o ministro se baseia
nos decretos presidenciais.
A assessoria do ministro José
Dirceu (Casa Civil) citou os decretos como respaldo legal. Informou que o ministro reside atualmente em Brasília e, "em geral, vai
a São Paulo, seu Estado de origem, cumprir agenda oficial".
A assessoria disse que os dados
enviados pela própria Casa Civil
ao Congresso no tocante às passagens de vôos comerciais estavam
equivocados. Por essa razão, a Folha não incluiu esses valores (cerca de R$ 12 mil) na conta do gasto
com deslocamentos de Dirceu.
A assessoria da ministra Dilma
Rousseff (Minas e Energia) também citou os decretos presidenciais. De acordo com a assessoria,
a ministra tem "residência permanente" em Porto Alegre e "faz
uso de moradia funcional em Brasília durante sua permanência
nesta cidade para o exercício de
suas funções".
Segundo a assessoria, apesar de
os dados terem sido repassados
pelo próprio ministério à Câmara, da lista de 46 viagens em vôos
comerciais, 7 acabaram sendo
canceladas. O número de viagens
em vôos comerciais, no ano de
2003, foi de 39.
"As demais viagens referem-se
a compromissos oficiais, próprias
e pertinentes ao desempenho regular da função de ministro de Estado de uma pasta que envolve
várias áreas estratégicas e os mais
diversos interesses."
E-mail
A assessoria especial do Ministério da Integração Nacional disse, anteontem, que somente nesta
semana poderia informar sobre
as viagens do ministro Ciro Gomes. A assessoria foi informada
pela reportagem no último dia 22,
quinta-feira da semana retrasada.
Ciro, de acordo com o levantamento da reportagem, gastou
R$ 43,9 mil em viagens nos finais
de semana para Fortaleza (CE) e
para o Rio de Janeiro (RJ), onde
vive sua mulher.
Na semana passada, em e-mail
enviado por engano à Folha, o
chefe da assessoria de imprensa
do ministério, Luis Claudio Cicci,
pergunta ao assessor especial da
pasta Egídio Serpa se a "orientação continua" a de "desconsiderar" e "empurrar com a barriga" o
pedido de informações da reportagem. A assessoria diz apenas
que uma viagem ao Rio, em 3 de
janeiro, foi cancelada.
De acordo com a assessoria de
imprensa do ministro Luiz Dulci
(Secretaria Geral da Presidência),
o mineiro, em 2003, viajou por sete oportunidades a Belo Horizonte sem ter agenda oficial. Nas demais vezes, o ministro, que tem
imóvel funcional em Brasília, procurou adaptar suas idas a BH a
compromissos oficiais.
Luiz Gushiken (Comunicação
de Governo) também se referiu
aos decretos federais. Segundo a
assessoria da Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica, o ministro utiliza as viagens aos finais de semana para
participar de eventos oficiais em
São Paulo. A "residência permanente" do ministro fica em Indaiatuba (102 km a noroeste de
SP). Entre os eventos estão reuniões com dirigentes de órgãos de
imprensa e palestras em universidades.
Palácio
O ministro da Saúde, Humberto
Costa, não foi localizado pela reportagem anteontem.
A assessoria do ministro Gilberto Gil (Cultura), procurada ao
longo de três dias, não deu retorno a um pedido de contato. De
acordo com texto enviado por Gil
à Câmara, ele sempre procura
adequar sua agenda de artista à
agenda de ministro.
Às 12h de anteontem, a Folha
entregou, em mãos de assessores
da Secretaria de Imprensa da Presidência, questões referentes ao
assunto. No início da noite, por
volta das 19h30, a assessoria informou que não haveria resposta. A
reportagem indagava se o Palácio
do Planalto tem a intenção de revogar algum dos decretos e se entende como necessários tais gastos para o andamento da administração pública.
(RUBENS VALENTE e EDUARDO SCOLESE)
Texto Anterior: Gil levou escritor para ver Carnaval Próximo Texto: Frases Índice
|