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Tucano toca pandeiro, dança e canta "Amélia" ao lado de Rita Camata
Serra entra no samba em Vitória
RAYMUNDO COSTA
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
A euforia dos assessores não
deixava margem a dúvidas: "Liga para o Nizan, liga para o Nizan", diziam uns aos outros. Era
1h da madrugada de sábado. José Serra caíra no samba na praia
Curva da Jurema, em Vitória.
Vindo de Petrolina (PE), o
presidenciável tucano chegou à
capital do Espírito Santo pouco
depois das 21h de sexta. Tinha
almoço marcado para ontem à
tarde com a família da deputada
Rita Camata, indicada pelo
PMDB para compor a chapa do
tucano como candidata a vice.
Após rápida passagem pelo
hotel para tomar um banho e
trocar de roupa, estava na casa
do prefeito da cidade, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), também o coordenador de seu programa de governo, para o jantar.
Tomou uma taça de vinho e
comeu cappelletti. Duvidou que
o senador Pedro Simon (RS),
seu ex-candidato a companheiro de chapa, tenha estimulado a
idéia de uma aliança do PMDB
com o PT. Aos quatro minutos
da madrugada de sábado, Rita a
tiracolo, estava no "Chopp Vitória", uma barraca em frente a
um braço do mar, lugar da mais
concorrida roda de samba das
noites de sexta em Vitória.
Tímido ao chegar, Serra dispensou "um chopinho" oferecido por um dos proprietários da
casa, Helder da Rosa Faria.
"Desculpe, mas eu acabei de tomar vinho", recusou, polidamente. Reconhecido, animou-se com declarações de intenção
de voto, mas surpreendeu-se
com manifestações inesperadas.
"Tem de mudar a Constituição. Ela é vermelha. Tem de acabar com os sindicatos", arremeteu um dos frequentadores. Serra estava cercado de auxiliares
que pertenceram ao antigo PCB.
Foi salvo pelos músicos, que ensaiaram os primeiros acordes.
"Amélia"
Enquanto Rita Camata circulava com leveza por entre as mesas, o tucano parecia entediado.
Até que foi tirado para dançar
por Tássia Regino, mulher de
Edison Ortega, um dos integrantes da equipe que cuida do
programa de governo do candidato. Sambista, Tássia aprovou
o desempenho do senador.
Serra nem precisou montar
em jegue ou comer buchada de
bode, como fez Fernando Henrique Cardoso em 1994, para dar
ares populares à sua campanha.
Animado, reuniu-se aos músicos, tocou e cantou na roda de
samba. Sorrisos, só os de Rita.
"Leva meu samba, meu mensageiro...", entoou Serra, enquanto tamborilava um pandeiro. Típica turma do bolinha:
Serra, Vellozo Lucas, o senador
Ricardo Santos (PSDB) e músicos locais nos instrumentos, em
volta de uma mesa servida de
chope, e Rita Camata, as amigas
e as mulheres dos assessores,
atrás, dançando sozinhas. Contrariando a torcida, Serra não tirou Rita Camata para dançar.
"Liga para o Nizan", entusiasmou-se um assessor ao ver Serra atacar um pandeiro e cantar
"Amélia", aquela que era "mulher de verdade", fazendo coro
com Rita e com Vellozo Lucas.
No pandeiro ou no tantã (um
tipo de tambor africano), revelou intimidade com músicas e
letras de Ataulfo Alves, Mário
Lago, Adoniran Barbosa, Haroldo Barbosa e Wilson Batista. Sabia de cor "Trem das Onze",
"Saudosa Maloca", "Amélia".
Foi o único a lembrar a letra
completa de "Emília" (Emília,
Emília, Emília, vem me consolar). Puxou o "Samba do Ernesto", mas os companheiros de
roda custaram a achar o tom. A
execução ficou pela metade.
Serra deixou a roda de samba
na primeira hora da madrugada. Entre um samba e outro,
ainda se lembrou de pedir para
um assessor todo o material
produzido pelo Greenpeace sobre energia eólica, em recente
reunião realizada em Jacarta.
Novo comitê
O comitê central da campanha
de Serra será transferido para
uma casa nos Jardins, em São
Paulo. O prédio alugado em
Brasília, que não será desativado, além de pouco funcional, teria um "ar de derrota". O de São
Paulo, transpiraria "vitória".
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