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Grampo pode ter sido feito no celular
do ministro
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A interceptação da conversa
entre o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO) e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes,
pode ter ocorrido por meio de
grampo feito no telefone celular do magistrado, aponta hipótese dominante entre os investigadores federais ouvidos.
A hipótese sustenta-se na informação de que a troca de ligações entre o ministro e o senador, com o auxílio de secretárias, ocorreu por meio de três
linhas: o celular de Mendes e
duas linhas fixas do tipo PABX,
que são mais difíceis de serem
interceptadas, pois para grampear a conversa de um alvo é
preciso monitorar todas as linhas que atendem o local.
A escuta ilegal ocorreu no dia
15 de julho último, poucas horas depois de confirmado o
afastamento do delegado Protógenes Queiróz do comando
da Operação Satiagraha, que
prendeu duas vezes o banqueiro Daniel Dantas. Queiróz foi
acusado pela cúpula da PF de
cometer excessos no comando
da investigação, entre eles utilizar agentes secretos da Abin
sem comunicação oficial.
Por volta das 18h20 daquele
dia, Demóstenes disse que pediu à sua secretária que ligasse
para Mendes. Queria reclamar
da decisão de um juiz de Roraima impedindo a CPI da Pedofilia de ouvir o depoimento de
uma adolescente molestada sexualmente. A ligação foi feita de
telefone fixo para outro fixo.
Transferência
Mendes não estava no gabinete, mas sua secretária ligou
de volta em seguida, após localizar o ministro. A funcionária,
então, fez uma conferência,
pondo a linha fixa do gabinete
de Demóstenes em contato
com o celular de Mendes. A
conversa, segundo a "Veja",
aconteceu às 18h32 e durou
poucos minutos. Nesse momento o presidente do STF estava a caminho do Palácio do
Planalto, onde se reuniu com o
presidente Lula e com o ministro Tarso Genro (Justiça). Eles
buscavam uma trégua após a
troca de farpas em razão de excessos cometidos pela PF.
Cinco dias antes, a segurança
do STF dissera ter encontrado
"provável escuta" na sala do assessor-chefe de Mendes.
Uma das suspeitas dos autores da varredura recai sobre as
chamadas maletas de interceptação, equipamento da Polícia
Federal capaz de fazer escutas
em celulares sem depender de
operadoras de telefonia e, por
isso, em tese, sem a necessidade de autorização judicial.
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