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DATAFOLHA
Reprovação ao petista é de 11%; no mesmo período, Fernando Henrique era avaliado como ruim ou péssimo por 15%
Lula e FHC têm índices iguais de aprovação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A aprovação do governo Lula,
de 42% em outubro, é idêntica à
obtida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB), no mês de setembro de
1995. O Datafolha não fez pesquisa em outubro daquele ano.
Apesar dos percentuais de aprovação iguais para períodos muito
próximos, é possível, entretanto,
dizer que o petista está um pouco
melhor do que o tucano.
Lula registra agora 44% de avaliação regular para seu governo.
FHC teve 39% nessa categoria.
Além disso, Lula tem 11% de ruim
e péssimo, contra 15% do seu antecessor. O Datafolha tem pesquisas para outros presidentes após o
regime militar, que terminou em
1985. Ninguém teve um desempenho tão bom nesse mesmo período inicial como FHC e Lula.
Só o petista e o tucano têm em
comum o fato de terem sido eleitos pelo voto direto e não terem
enfrentado grandes crises no primeiro ano de mandato. Por essa
razão, é mais correto analisar e
comparar a reação do eleitorado
nessas duas administrações.
É curioso que FHC e Lula recebam avaliações semelhantes dos
eleitores depois de dez meses de
mandato. O cenário econômico é
hoje bem diferente do que foi no
décimo mês de mandato do tucano. O dólar hoje vale R$ 2,86. Em
1995, na mesma época, a moeda
norte-americana valia menos de
um real: R$ 0,96. A classe média
fazia planos para passar as férias
no exterior. O tucano chegou a dizer em uma entrevista que uma
empregada de sua casa teria passado férias na Europa.
Com a economia em ebulição, o
desemprego medido pelo Dieese
em São Paulo era de 13,3% em setembro de 1995. Hoje, o mesmo
indicador é de 20,60%. Os brasileiros importavam bastante. O
saldo da balança comercial de janeiro a setembro de 1995 era negativo em US$ 3,454 bilhões. Hoje, para o mesmo período, é positivo em US$ 17,798 bilhões.
Os problemas estruturais da
economia estavam todos presentes já em 1995. A taxa básica de juros fixada pelo Banco Central era
estratosférica, de 48% -contra
os 19% atuais. Havia uma sensação de que a hiperinflação era coisa do passado, mas a taxa acumulada de janeiro a setembro de 1995
registrava expressivos 17,13%.
Neste ano, o acumulado até setembro foi de 8,05%.
Apesar dessas diferenças objetivas no estado do país, o real sobrevalorizado dava a impressão
de um Brasil mais forte do que
realmente era em 1995. Hoje, não
existe na economia algo que injete
na população tanto ânimo -ainda que de maneira artificial.
A explicação possível para a administração petista ser bem avaliada pode estar na paciência e esperança que os entrevistados expressaram ao Datafolha. Por
exemplo: para 71% dos brasileiros
o governo Lula será ótimo ou
bom. Esse percentual já foi de
76% em março, mas ainda está
num patamar confortável em
qualquer análise que seja feita.
Para 55% dos entrevistados, o
presidente atual faz um trabalho
melhor do que seu antecessor tucano. Nesse quesito, Lula teve
uma alta. Esse percentual era de
50% em junho. São cinco pontos
percentuais a mais.
Há também 58% dos brasileiros
que enxergam mais vitórias do
que derrotas. Os entrevistados
continuam crentes no presidente:
aumentou de 64% para 68% os
que acham que Lula cumprirá
parte de suas promessas de campanha. Outros 22% acreditam
que tudo será cumprido.
Dos que esperam o cumprimento de parte das promessas, só
3% têm expectativa de que isso
ocorra neste primeiro ano. Para
31%, as realizações serão no segundo ano. Outros 35% são ainda
mais pacientes: esperam resultados no terceiro ano, em 2005.
Finalmente, após dez meses como presidente, Lula conseguiria
obter talvez até mais votos do que
em 27 de outubro do ano passado:
65% disseram que votariam nele
se a disputa contra José Serra
(PSDB) se repetisse agora num hipotético segundo turno. Com
52,793 milhões de votos, Lula teve
61,27% das preferências em 2002.
(FERNANDO RODRIGUES)
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