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AMAZÔNIA
Polícia Federal começou a receber dados sobre aeronaves vindas de países que são grandes produtores de drogas
Sivam já abastece a PF com informações
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Federal começou a receber informações do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia)
sobre a movimentação de aeronaves vindas de países que são grandes produtores de drogas.
O objetivo da polícia não é abater os aviões, mas descobrir onde
estão as pistas de pouso e interceptar, em terra, aeronaves clandestinas, utilizadas pelos narcotraficantes que cruzam a fronteira
da Amazônia brasileira.
Há 20 dias, a PF começou a receber, em tempo real, os primeiros
dados, que são captados diariamente por 25 radares fixos de vigilância aérea do Sivam.
Instalados em pontos estratégicos dos 5,2 milhões km2 da região,
os radares fixos já captam por
mês uma média de 40 aviões desconhecidos -sem identificação
ou plano de vôo.
As informações estão sendo repassadas à polícia pelo Sipam
(Sistema de Proteção da Amazônia), o braço civil do Sivam, cuja
coordenação-geral é na Casa Civil
da Presidência da República.
O Sipam dirige o CRV (Centro
de Vigilância da Amazônia),
inaugurado há 13 meses, em Manaus. Nas telas dos consoles de vigilância aérea, os técnicos vão traçando a rota das aeronaves, horário do cruzamento da linhas de
fronteiras e o local do pouso.
Ação imediata
De acordo com o coordenador
de Operações Especiais de Fronteiras, o delegado da PF Mauro
Spósito, com as informações dos
radares, a polícia pode desencadear uma ação imediata. "O objetivo é confiscar a carga e prender
os traficantes", afirmou Spósito.
Para ele, o raio-X do espaço aéreo é o marco do programa piloto,
denominado de Cobra-norte, desenvolvido pela PF e o Sipam nas
fronteiras com Bolívia, Colômbia,
Peru, Venezuela e Suriname, nos
próximos quatro meses.
Cobra (junção das sílabas iniciais de Colômbia e Brasil) é o nome da operação desenvolvida há
três anos pela PF entre os dois países no combate ao narcotráfico.
"Esse programa é o início de uma
parceria eficaz [entre a PF e o Sivam]", disse o delegado.
O Sivam é uma rede de vigilância mantida com aviões, radares
de solo, bases de recepção e tratamento de dados. Além do CRV, o
governo instalou em Manaus o
CVA (Centro de Vigilância Aérea), o braço militar do projeto,
controlado pela Aeronáutica.
Segundo a Aeronáutica, o Sivam está operando com 85% de
sua capacidade atualmente. Até o
início do que vem, serão inaugurados os centros de Porto Velho
(RO) e Belém (PA), finalizando a
implantação do projeto de US$
1,4 bilhão. Financiado pelo Eximbank dos EUA, os equipamentos
foram adquiridos da empresa
americana Raytheon.
Na semana passada, o jornal "O
Globo" revelou que a Raytheon
ainda não entregou parte do sistema de rádios do Sivam. A empresa disse que deve fazer isso neste
mês, mas não especificou a data.
Bombardeio
No ano passado, dados dos radares do Sivam já permitiram caças AMX da FAB (Força Aérea
Brasileira) bombardearem seis
pistas clandestinas utilizadas pelos traficantes de drogas e armas
na tríplice fronteira entre o Brasil,
Guiana e Suriname.
Segundo o diretor-executivo do
Sipam, Edgar Fagundes Filho,
além da Polícia Federal, há programas em andamento com o
Ibama (Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais),
Serviço de Proteção ao Vôo, Instituto Nacional de Meteorologia e
SUS (Sistema Único de Saúde).
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