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Existe risco no Brasil de caos social?
JORGE GERDAU JOHANNPETER, empresário:
"No meu entender, não existe
uma situação de caos social no
país. Existem problemas localizados, mas jamais se pode classificar
como caos social".
MARCOS PROCHET, 44, presidente
da UDR Noroeste do Paraná:
"Existe uma desordem indo para o caos. Começou nas cidades o
inferno que o campo vive há anos,
com invasões e desrespeito à lei".
JOÃO PEDRO STEDILE, coordenador
nacional do MST:
"De jeito nenhum. O que aconteceu foram situações normais, de
mobilizações de alguns setores
em defesa de seus direitos. O que
falta no país é democratização dos
meios de comunicação, para que
a visão vesga de três, quatro editores que monopolizam a imprensa
burguesa no Brasil não seja a única visão dos fatos".
RICARDO CARNEIRO, 51, economista, diretor do Centro de Estudos
de Conjuntura e Política Econômica da Unicamp:
"Não há desordem social, há
crise social. Há crise social que foi
agravada com as taxas de desemprego muito elevadas e a queda de
renda muito significativa da população".
JOSÉ MARIA DE ALMEIDA, presidente nacional do PSTU e membro
da executiva nacional da CUT:
"Sim, existe uma crise social
profunda causada pelo desemprego e pela exclusão social, fruto
de privilégios que os banqueiros e
os grandes empresários sempre
tiveram na nossa sociedade e que,
lamentavelmente, continuam
tendo no governo Lula".
JOSÉ DOMINGUES GODÓI FILHO, 48,
vice-presidente do Sindicato Nacional das Instituições de Ensino
Superior:
"Não. Desordem, não. Acho que
existem manifestações democráticas pela insatisfação do rumo
que o país está tomando".
RUTH ESCOBAR, atriz:
"Não tenho ainda elementos para fazer essa avaliação. O que eu
sinto é que o sonho acabou. Há
uma desesperança absoluta com
o governo Lula".
LUIZ MARINHO, presidente da
CUT:
"Não, não há caos nem desordem. O que existe é uma pressão
crescente social seja no campo seja na cidade em consequência do
desemprego recorde. Descontrole, caos, isso não. Estamos longe
disso. Eu vejo a economia com,
inclusive, otimismo".
JOÃO PAULO RODRIGUES, dirigente
nacional do MST:
"Não existe caos no Brasil. Isso é
uma falácia, uma paranóia e uma
tentativa de abalar o governo de
esquerda do presidente Lula".
ANTÔNIO ERNESTO DE SALVO, 69,
presidente da CNA:
"Não chegaria ao ponto de caos
social. O que ocorre é que os movimentos sociais estão fora de
controle das lideranças e do próprio governo".
MARCOS COSMO DA SILVA, 38, fundador e principal coordenador
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Pernambuco:
"Acho que existe, no momento,
uma verdadeira convulsão social.
Agora, se há uma baderna, não foram os trabalhadores quem a
criaram. Quem criou foi uma elite
que está no poder há 500 anos".
JOÃO DE ALMEIDA SAMPAIO FILHO,
38, presidente da Sociedade Rural Brasileira:
"Acho que existe uma situação
de desordem. O governo está sendo tolerante com os movimentos
compostos por alguns excluídos,
mas também por gente que quer a
mudança do sistema político, o
que caracteriza uma situação de
desordem, e o governo não está
coibindo como deveria".
ABRAM SZAJMAN, presidente da
Federação do Comércio de São
Paulo:
"Não se trata nem de caos social
nem de desordem. O governo já
disse que irá reprimir os atos ilegais, mas existe uma situação de
cobrança de alguns segmentos da
sociedade. Há uma pressão desses
segmentos para eles conseguirem
algum resultado".
ARMANDO MONTEIRO, deputado e
presidente da CNI:
"Não existe situação de caos social, e sim de tensões sociais, que,
a meu ver, são latentes em algumas áreas, sobretudo no campo e
em algumas áreas urbanas. [...]
Não há razão para imaginar que a
luz vermelha acendeu, mas a luz
amarela já está acesa".
HORACIO LAFER PIVA, presidente
da Fiesp:
"Desordem, sim, caracterizada
por provocações de alguns segmentos, mas nada ainda indica
uma situação de descontrole".
LUIZ GONZAGA BELLUZZO, 60, professor de economia da Unicamp:
"Não. Eu diria que há uma histeria de médio porte. E acho que é
um pouco artificial. Não vejo nenhuma ameaça institucional. A
situação de hoje é um produto de
muitos anos. Você vai acumulando uma massa de excluídos e tem
que se dar conta de que haverá algum resultado. Naturalmente que
há um conflito, mas não há caos".
BOLIVAR LAMOUNIER, cientista político, é pesquisador senior do
Instituto de Estudos Econômicos,
Sociais e Políticos de São Paulo:
"Não. Se houvesse desordem ou
caos social a vida cotidiana estaria
desorganizada, as instituições estariam a ponto de não funcionar e
haveria insegurança generalizada.
O que existe é uma situação difícil,
problemática, tensa, o que se deve
às mazelas sociais do país, que
vêm de longa data".
LUCÉLIA SANTOS, atriz:
"Creio que não. Nada diferente
do que tem sido nos últimos anos.
A diferença é a transparência advinda de uma democracia ampla
como agora".
TASSO JEREISSATI, senador (PSDB-CE):
"Estamos vendo isso com preocupação extrema. O ponto principal é o desrespeito à ordem, e isso
já se torna um problema grave em
todo o país, inclusive econômico,
se o MST ameaça a ordem com
aparente anuência do governo".
SÉRGIO MAMBERTI, ator e secretário nacional de Música e Artes
Cênicas:
"É um absurdo dizer uma coisa
dessas. De jeito nenhum. Se você
for observar o risco Brasil, verá
que a situação é estável".
JOSÉ CARLOS ALELUIA, líder do PFL
na Câmara:
"Não classifico como caos social, mas há risco de que isso ocorra. Há complacência do governo,
que parece incentivar isso".
NILSON NAVES, presidente do STJ:
"Não vejo nenhuma desordem
ou caos social no país. Os três Poderes da República estão atuando
livre e normalmente, de forma independente, como deve ser".
FRANCISCO FAUSTO, presidente do
TST:
"Não há desordem onde as instituições funcionam plenamente.
As instituições brasileiras estão aí
funcionando normalmente".
PAULO SÉRGIO DOMINGUES, presidente da Associação dos Juízes
Federais do Brasil:
"Pior do que isso. Nas grandes
metrópoles chegamos a ter quase
um Estado paralelo".
LUIZ WERNECK VIANNA, cientista
político, professor do Iuperj:
"Não. Desordem, não. Há uma
ordem injusta. Os movimentos
sociais estão procurando canais
legítimos de expressão. O objeto
do MST e dos sem-teto não tem
sido a propriedade legal, mas
sempre uma propriedade podre,
vulnerável do ponto de vista da
sua função social".
GRIJALBO COUTINHO, presidente
da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho:
"Não. Temos problemas sociais
acumulados ao longo dos anos,
cuja responsabilidade é de vários
governantes. O aumento das tensões é fruto do acúmulo e da falta
de resposta adequada".
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