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CRISE SOCIAL
Personalidades apontam como saída a necessidade de crescimento econômico e de distribuição de renda
País vive tensão, mas não caos, diz enquete
DA REDAÇÃO
Onde alguns enxergam sinais
de desordem social ou até de risco
de crise institucional no país, outros vêem apenas alarmismo retórico e reação exagerada a pressões
e conflitos de interesses que fazem
parte da rotina democrática.
A Folha propôs a 32 personalidades, representantes de diversos
setores da chamada sociedade organizada, de empresários e banqueiros a líderes dos sem-terra e
sindicalistas, três questões para
servir como termômetro da temperatura nacional:
1) Existe risco de desordem ou
caos social no Brasil?
2) Que condições dispõe o governo para agir e melhorar a situação do país?
3) No grupo social em que você
atua e/ou representa, o governo
Lula perdeu apoio?
A enquete não tem, nem poderia ter, a pretensão de representatividade estatística. Mas é ainda
assim um mapeamento significativo de tendências e humores.
No geral, descarta-se a existência de uma situação de caos social,
embora fique evidente a preocupação de muitos com desordens
setorizadas. Quase como consenso, aponta-se como saída a necessidade de crescimento econômico
e de distribuição de renda.
O apoio ao governo Luiz Inácio
Lula da Silva diminui significativamente nos setores mais diretamente envolvidos em conflitos,
sobretudo aqueles que se vêem,
com ou sem razão, ameçados por
ações ou supostas omissões do
governo. É o caso dos ruralistas e
dos servidores públicos.
Nos últimos 15 dias, avolumaram-se no noticiário exemplos do
que poderia ser material político
explosivo. Juízes e promotores
aprovaram a realização de uma
greve inédita contra a reforma da
Previdência, só abortada na semana passada. Servidores em greve invadiram dois ministérios
num intervalo de poucos dias.
A Polícia Militar, pela primeira
vez no regime democrático, dissolveu um protesto do funcionalismo contra as mudanças previdenciárias dentro da Câmara. A
onda de invasões começou a espraiar-se pelos grandes centros
urbanos e aumentaram ainda as
invasões de propriedades no
campo e o número de milícias privadas para evitá-las.
Somado ao desemprego recorde e à falta de perspectiva imediata de crescimento econômico, está formado o caldo de cultura que
pode alimentar a crise social ou,
ao menos, estimular o sentimento
de que ela está para chegar.
"Existem problemas localizados", avalia o empresário Jorge
Gerdau Johannpeter, ao rejeitar a
existência de um caos social.
"Isso é uma falácia, uma paranóia. Uma tentativa de abalar o
governo de esquerda do presidente Lula", diz João Paulo Rodrigues, do MST.
Leia depoimentos recolhidos pela Folha.
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