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ÁGUAS PASSADAS
Analistas criticam comparações entre governos Lula e João Goulart
Paralelo com pré-64 é descabido
DA REPORTAGEM LOCAL
Para analistas ouvidos pela
Folha, a comparação entre os
anos anteriores ao movimento
militar de 1964 e o momento
atual é descabida. A relação
entre os dois períodos foi sugerida de maneiras distintas,
na última semana, pelo ex-deputado constituinte pelo PT
Plínio de Arruda Sampaio e
pelo senador Arthur Virgílio
(PSDB-AM).
Arruda Sampaio afirmou
que a reação dos ruralistas à
reforma agrária é "um filme"
que "já foi visto em 63 e 64".
Virgílio comparou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a
João Goulart.
A socióloga Maria Victoria
Benevides, professora da USP,
diz não ver "nenhum sentido
nisso". "Isso significaria uma
brutal crise institucional e não
é o que estamos vendo."
"Naquela época, havia um
descontentamento muito generalizado na mídia, entre os
militares e no meio empresarial. Hoje não há esse descontentamento raivoso e generalizado. E a imprensa, mesmo
aquela que ataca o governo
sistematicamente, como é o
caso da Folha, mantém um nível razoável dentro da liberdade da imprensa."
Para o historiador Boris
Fausto, professor aposentado
da USP, não existe semelhança: "Existe uma tensão social
séria. Mas remeter isso a 1964
não tem sentido". Entre outras
diferenças, cita a Guerra Fria,
que condicionava o período.
O cientista político Fernando Abrucio, da PUC-SP, considera a comparação "meio
desmiolada". "No período
mais radical do governo Jango, o presidente era de fato refém de suas alianças com grupos sociais", diz. Já Lula, defende, "não é refém de nenhum grupo".
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