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DANÇA DAS CADEIRAS
Presidente estuda levar Mercadante para área social; se perder, Marta pode ir para o governo
Eleição define novo ministério de Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O líder do governo no Senado,
Aloizio Mercadante (PT-SP), pode virar ministro na área social. O
chefe da Casa Civil, José Dirceu,
ficaria na sua pasta, mas perderia
o gerenciamento do governo para
se dedicar somente à articulação
política. Se não se reeleger prefeita
de São Paulo, a petista Marta Suplicy deverá assumir um ministério, provavelmente na área social.
A Folha apurou que essas possibilidades são avaliadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para serem implementadas na reforma ministerial que pretende realizar após o segundo turno das eleições municipais, no dia 31.
A opção Mercadante na área social dependerá do futuro de Marta
e do sucesso ou fracasso das articulações do governo para recompor maioria segura no Senado.
Avalia-se que área social tem ministros "apagados" politicamente
e que precisaria de um "agitador",
segundo expressão do presidente
em conversas reservadas. Daí as
opções Mercadante e Marta.
A pasta mais provável para
Mercadante é a da Saúde. Para
Marta, a das Cidades. Hoje, uma
possibilidade menor seria um deles substituir Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), mas Lula
acha que seria injusto dado o pouco tempo em que o deputado federal do PT mineiro chefia a pasta. Seria quase uma confissão de
fracasso após ter fundido dois ministérios na reforma do primeiro
escalão de janeiro passado.
Mercadante, após dois anos no
Congresso, demonstra desejo de
ter experiência administrativa e
ministerial, numa espécie de preparação para tentar conquistar o
governo de São Paulo na eleição
de 2006. Se o tucano José Serra
(PSDB) perder a eleição paulistana para Marta, Mercadante terá o
caminho praticamente livre para
ser candidato a governador. Lula
avaliza o projeto de Mercadante
de ser candidato a governador de
São Paulo, mas uma derrota de
Marta para o ex-ministro da Saúde José Serra poderia complicar
os planos do presidente e do líder
do governo no Senado.
O chefe da Casa Civil continua a
alimentar o sonho de recuperar a
articulação política. A Folha apurou que o presidente tende a atendê-lo, mas deverá exigir em troca
a entrega do gerenciamento do
governo a outro petista. Nas conversas recentes, o nome mais cotado para assumir essa função é o
do governador do Acre, o petista
Jorge Viana, que está no cargo há
quase seis anos. Abriria mão de
dois anos para coordenar o gerenciamento do governo.
No Palácio do Planalto, Viana é
visto como um técnico competente e com bom trânsito político
no PT e entre outras forças. Lembra-se, por exemplo, que tinha
boa interlocução com os tucanos
nos dois mandatos presidenciais
de Fernando Henrique Cardoso.
Uma possibilidade menor é Lula nomear alguém de perfil puramente técnico, como a assessora
especial Miriam Belchior. Miriam, nome de quem Lula gosta,
já faz hoje na Casa Civil o papel de
centralizar o gerenciamento, pois
Dirceu ainda desempenha missões políticas e preside diversas
câmaras de trabalho do Planalto.
Se vingar o retorno da articulação política às mãos de Dirceu, o
ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) iria para a pasta da
Defesa, atualmente chefiada por
José Viegas. Diplomata, o ministro da Defesa receberia uma embaixada de peso na Europa, por
exemplo. Os militares aceitam
bem Aldo, segundo consulta já
realizada pelo Planalto junto às
cúpulas das Forças Armadas.
O presidente gosta de Aldo, deputado federal pelo PC do B paulista. Lula o julga um aliado leal ao
governo e alguém que tem sido
bombardeado pelos petistas que
sonham em retomar a articulação
política. Mas o presidente avalia
que Dirceu tem mais serviços
prestados à sua causa e seria prioridade atendê-lo.
Em constante atrito com o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), o presidente do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, voltou a ver a
sua posição ameaçada. Detalhe:
Lessa sobrevive a frituras desde o
início do governo.
O que há de diferente agora? A
Folha apurou que Lula não
aguenta mais ouvir as queixas de
Furlan a respeito de Lessa, em tese, subordinado à pasta do Desenvolvimento. Repete-se ainda no
governo a crítica de que Lessa não
é um bom operador, ao passo que
Furlan tem colhido êxito com o
incremento das exportações. Ou
seja, estaria na hora de entregar a
cabeça dele, como sonha o ministro do Desenvolvimento.
O resultado das articulações a
favor da emenda constitucional
que permitiria a reeleição dos presidentes do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), também
pesará nas avaliações que Lula fará na hora de bater o martelo a
respeito da reforma ministerial.
Cresce no governo a sensação
de que a aprovação da emenda está ficando cada vez mais difícil
por conta do exíguo prazo. Se ela
não vingar, cresce a chance de
João Paulo ser acomodado em alguma posição ministerial.
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