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Empresários perdem espaço na Câmara
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A representação empresarial na
Câmara será 30% menor na próxima legislatura (2003/07). Nas
últimas eleições, 100 empresários
conquistaram uma cadeira de deputado federal, contra 143 eleitos
em 1998. A partir do próximo
ano, os advogados serão a maior
categoria profissional na Câmara,
com 106 representantes.
As urnas tiraram da Câmara
empresários como Emerson Kapaz (PPS-SP), Duílio Pisaneschi
(PTB-SP), vice-líder do governo, e
Clementino Coelho (PPS-PE). Os
deputados Walfrido Mares Guia
(PTB-MG), empresário do setor
de educação, e Moreira Ferreira
(PFL-SP), ex-presidente da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), nem disputaram as eleições em outubro.
Para o presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), deputado Armando Monteiro (PMDB-PE), vários fatores
podem ter provocado a redução
da bancada dos empresários, mas
o principal foi a chamada "onda
petista". "Houve um grande
avanço do PT nos centros urbanos, o que reduziu consideravelmente o espaço dos partidos de
centro, onde está a maioria do
empresariado", argumentou
Monteiro. Dos 100 empresários
eleitos, 29 são do PFL; 18, do
PMDB; 18, do PPB e 11, do PSDB.
A redução da bancada de empresários contraria a tese difundida por deputados favoráveis ao financiamento público de campanha. Segundo eles, com aumento
do custo das campanhas, a tendência é que somente empresários consigam se eleger, se não for
aprovado o financiamento público da propaganda eleitoral.
O perfil sócio-econômico da futura Câmara foi traçado pelo Diap
(Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar). O órgão
não identificou a ocupação principal de dez deputados eleitos.
Para o diretor de documentação
do Diap, Antônio Augusto de
Queiroz, responsável pelo levantamento, "o perfil sócio-econômico da Câmara será equilibrado,
com boa distribuição das forças
políticas por profissão, origem
econômica e fontes de renda".
Os profissionais liberais serão
40% da futura Câmara, outros
40% são assalariados (metade do
setor público e metade do setor
privado) e os empresários (os que
declaram como remuneração o
rendimento de seus negócios) significarão 20% dos 513 deputados.
Mais da metade dos profissionais liberais eleitos são advogados. A partir de fevereiro, os advogados voltarão a ser a maior
bancada profissional na Câmara,
passando de 92 deputados eleitos
em 1998 para 106 eleitos em outubro. A maioria dos advogados
eleitos também é filiada ao PFL
(21). No PMDB estão outros 16.
PSDB e PT têm o mesmo número de advogados eleitos: 14 cada
um. Entre os petistas está o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus
Ananias, eleito com cerca de 520
mil votos e cotado para presidir a
Câmara ou a Comissão de Constituição e Justiça, principal comissão técnica da Casa por onde passam quase todos os projetos.
"Agora, para ser deputado tem
de ser advogado ou economista",
afirmou o líder do PT na Câmara,
João Paulo Cunha (SP), metalúrgico como o presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva. Para João
Paulo, a política está a reboque da
economia, o que exige um conhecimento mais profundo das leis e
do mercado. O número de deputados metalúrgicos pouco se alterou: passou de seis para sete.
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