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Influência de debate sobre o voto é relativa
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde Kennedy x Nixon, é comum ouvir que um candidato
ganhou ou perdeu determinada
eleição por causa de seu desempenho no debate.
A idéia não procede mesmo no
exemplo clássico. Dos quatro
confrontos da campanha de
1960 nos EUA, apenas o primeiro foi vencido por John Kennedy, eleito presidente naquele
ano por diferença mínima. Telespectadores deram vitória a
Richard Nixon no terceiro. Nos
outros dois houve empate.
Estudos mostram que esses
programas provocaram pouquíssima transferência de votos.
Isso não significa que os debates careçam de importância, explica Orjen Olsén, diretor do instituto Ipsos Opinion.
Eles chamam a atenção do público para a discussão eleitoral,
reforçam convicções dos eleitores, podem modificar a imagem
pessoal de candidatos e influir
na agenda da campanha, além
de ajudar a construir confiança
no processo democrático.
Mas não resultam em movimentos maciços de intenção de
voto, mesmo nos casos em que
há claro vencedor do confronto.
Olsen cita como exemplo o debate entre Mário Covas e Paulo
Maluf no segundo turno da sucessão paulista em 1998.
Pesquisas indicam que tanto a
recuperação da imagem do governador quanto a deterioração
da de seu adversário estavam em
curso há semanas quando os
dois se enfrentaram na TV.
"O debate apenas catalisou
percepções que já estavam em
processo de disseminação no
eleitorado", afirma.
Mesmo no famoso caso Collor
x Lula no segundo turno da eleição presidencial de 1989, "não há
evidência empírica de que o debate tenha exercido influência
significativa sobre o resultado
das urnas", diz Olsén, independentemente do enviesamento da
edição do programa apresentada no "Jornal Nacional".
O diretor do Ipsos vê com otimismo a realização de um encontro de primeiro turno com
apenas quatro candidatos.
"Cresce a chance de confronto
real, em vez de pseudodebates
como tantos que tivemos."
Mas ele recomenda cautela
com a profusão de pesquisas para determinar o vencedor. "O resultado geral não tem significado." Para tirar alguma conclusão, diz, é preciso analisar também a composição da audiência.
Aos candidatos interessa saber
como se saíram não apenas entre seus eleitores, mas também
entre os simpatizantes dos adversários. Só assim é possível
avaliar o saldo do evento.
(RLP)
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