|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2002 - DATAFOLHA
34% dos que declaram como pretendem votar em outubro não estão "totalmente decididos", mostra pesquisa
Um terço dos eleitores admite mudar voto
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO
Um terço dos eleitores que já escolheram como votar para presidente nas eleições de outubro admite que pode mudar de idéia, revela pesquisa Datafolha.
O levantamento foi feito na última terça-feira, com 2.477 pessoas
em 127 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais,
para mais ou para menos.
Dos entrevistados, 94% manifestaram preferência por um dos
candidatos ou disseram que iam
votar em branco/nulo. Deste universo, 34% disseram que seu "voto ainda pode mudar", enquanto
63% afirmaram estar "totalmente
decididos". Outros 3% não souberam responder.
O resultado, segundo o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, reflete uma tendência do eleitorado. "No Brasil, o eleitor cada
vez mais deixa para decidir nos
últimos dias. E nesta eleição existe
um fator a mais que é a imprevisibilidade. Nunca se verificou variação tão grande de intenções de
voto como nesta", diz.
Voto consolidado
Dos quatro principais candidatos, o que tem perfil de voto mais
"consolidado", segundo o instituto, é Luiz Inácio Lula da Silva
(PT). Entre seus eleitores declarados, 72% dizem estar totalmente
decididos e 26%, não. O petista teve 33% das intenções de voto.
"Os números vêm confirmar
que parte expressiva do eleitorado de Lula é fiel, o que dá a ele um
piso mínimo. O candidato só deixa de ir ao segundo turno se houver um fato excepcionalmente negativo para ele", diz o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais).
Ciro Gomes (PPS), que registrou subida expressiva na última
pesquisa, e José Serra (PSDB), que
apresenta tendência de queda,
têm eleitorado menos consistente
que o do petista.
Dos eleitores de Ciro, 35% admitem mudar o voto. No caso de
Serra, o percentual é de 43%.
Já Anthony Garotinho (PSB)
apresenta 61% de voto "consolidado" e 35% de voto sujeito a mudança. "Mas dá para dizer que ele
tem menos chances de subir, considerando que suas intenções de
voto estão concentradas no eleitorado evangélico e no Rio de Janeiro", diz Paulino, do Datafolha.
Paulino afirma que os números
devem ser lidos com cautela, porque representam a realidade de
hoje e não são imutáveis. Mesmo
eleitores que se dizem hoje "totalmente decididos" podem mudar
de opinião amanhã em virtude
dos fatos novos que a campanha
trouxer. Essa movimentação é
apenas mais difícil, mas não impossível.
Eleitorado antigo
O Datafolha constatou ainda
que o eleitorado de Lula é também "mais antigo" -ou seja, decidiu-se pelo petista há mais tempo, o que seria outro indicativo de
pouca volatilidade. Dos que tencionam apoiar o petista, 85% decidiram-se por ele há mais de um
mês e apenas 7% há uma semana.
Sempre lembrando que a pesquisa foi feita em 30 de julho.
Entre os apoiadores de Ciro,
64% o escolheram há mais de um
mês, mas 13% há apenas uma semana -realidade condizente
com o fato de ele ter subido rapidamente nas pesquisas.
Já o candidato tucano apresenta
percentual semelhante ao de Ciro
entre os que decidiram há mais de
um mês (65%), mas apresenta taxa maior entre os que se decidiram há uma semana (18%). Garotinho tem 77% do eleitorado decidido há mais de um mês e 10% há
uma semana.
Texto Anterior: Influência de debate sobre o voto é relativa Próximo Texto: Ciro convence eleitor indeciso Índice
|