São Paulo, domingo, 05 de maio de 2002

Próximo Texto | Índice

PAINEL

Peso tucano
O Planalto e o PSDB avaliam que a acusação de que Ricardo Sérgio teria tentado extorquir R$ 15 mi na privatização da Vale não será o caso Lunus de Serra, destruindo sua pré-candidatura. Mas gera suspeitas sobre o tucano que poderão prejudicá-lo nas pesquisas e reforçar o barulho em favor de sua substituição.

Arestas internas
O caso Ricardo Sérgio reforça a impressão de que os "inimigos" de Serra estão no próprio tucanato. Paulo Renato e Mendonça de Barros confirmaram a denúncia. Carlos Jereissati, irmão de Tasso, coloca lenha na fogueira ao tratar de um dinheiro de campanha que sumiu.

Dia seguinte
A publicação das acusações contra Ricardo Sérgio, que foi caixa de campanha de Serra, fez o PMDB colocar um pé no freio nas negociações para apoiar o tucano. O partido vai esperar a repercussão do caso antes de fechar a coligação. A reunião prevista para terça entre tucanos e peemedebistas pode ser adiada.

Segunda opção
Se o PMDB ficar mesmo com José Serra e Henrique Alves (PMDB-RN) for confirmado para a vice do presidenciável tucano, o governador do Rio Grande do Norte, Fernando Freire (PPB), será o candidato da família Alves no Estado.

Desejo pefelista
Questionado na semana passada pelo senador Bornhausen (PFL-SC) se aceitava apoiar José Serra (PSDB), o deputado Thomaz Nonô (PFL-AL) reagiu com ironia: "Está louco? No [navio" Titanic, eu não quero suíte nem no primeiro andar!".

Imagem externa
O núcleo agrário da esquerda no Congresso está preparando um dossiê com denúncias sobre a maquiagem de números da reforma agrária para ser entregue à FAO, da ONU. O objetivo é criticar FHC onde ele mais detesta: os organismos internacionais.

Disputa polarizada
A lista de 2002 dos cem parlamentares mais influentes do Congresso, realizada pelo nono ano pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), reproduz a disputa presidencial: PT e PSDB lideram entre os partidos, com 23 e 19 nomes, respectivamente.

Profissional liberal
O Diap revela que, entre os cem parlamentares que se destacaram, a maioria é de advogados (26). Somente 12% dos mais influentes estão na categoria "empresários". Para o Diap, isso indica que "os agentes econômicos preferem financiar representantes" a disputar mandatos.

Telefone público
Cinco senadores tiveram seus celulares clonados ao mesmo tempo: Eduardo Suplicy (PT-SP), Roberto Requião (PMDB-PR), Siqueira Campos (PSDB-TO), Marina Silva (PT-AC) e Moreira Mendes (PFL-RO). Suplicy é campeão no quesito: seis clonagens desde janeiro de 2001.

Ondas cariocas
A equipe da Telebrasília que atua no Senado identificou a origem da clonagem de todos os cinco celulares dos senadores: Rio de Janeiro. Os parlamentares querem agora saber se isso pode indicar também grampo.

Óbvio esquecido
Miguel Reale Junior (Justiça) diz que a redução da violência entre os jovens -a taxa de homicídios passou de 30 (em 1980) para 52,1 (em 2000) em cada grupo de 100 mil habitantes -passa obrigatoriamente pela prevenção. "Medidas repressivas não bastam", diz.

Problema regional
O Pará é um dos Estados em que PSDB e PMDB enfrentam as maiores dificuldades para fechar a aliança. Jader Barbalho (PMDB) temer perder prestígio. José Aníbal deverá encontrar-se (fora do Pará) com o governador Almir Gabriel (PSDB) para tentar resolver o impasse.

TIROTEIO

Do ex-governador do MT Dante de Oliveira (PSDB), defendendo que Serra adote um discurso mais identificado com FHC na campanha presidencial:
- A única chance que o Serra tem de vencer é colar nos feitos do governo FHC e mostrar que irá avançar. Se ele quiser disputar votos no campo da oposição, estará liquidado.

CONTRAPONTO

Sinceridade à mesa

Na campanha presidencial de 1998, o candidato do PPS, Ciro Gomes (CE), teve um encontro com o representante do Partido Verde, Alfredo Sirkis (RJ), no restaurante do hotel Ca'd'Oro, em São Paulo, para tratar do apoio do PV à sua candidatura.
Após alguma conversa, Sirkis revelou a Ciro que o partido já havia definido apoiar o candidato. No entanto, decidira que ele, Sirkis, deveria ser o vice de Ciro.
O ex-governador do Ceará, surpreendido com a notícia, começou a falar sobre as responsabilidades de um vice.
- Sirkis, e se me acontecer alguma coisa, se houver um infortúnio e você tiver de assumir a Presidência? Você estaria preparado para administrar um país?
Sirkis hesitou por instantes e, por fim, comentou, entre gargalhadas:
- Não se preocupe, Ciro. Você não vai ganhar mesmo a eleição presidencial...



Próximo Texto: Sombra no Tucanato: Tucanos afirmam que FHC sabia de suspeita de propina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.