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SOMBRA NO TUCANATO
Presidente do partido diz que Ricardo Sérgio não fala por tucanos; Serra e FHC não se manifestaram
PSDB vê campanha "infamante" contra Serra
KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP), diz
que o empresário Ricardo Sérgio
de Oliveira, ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil,
não fala em nome de tucanos. Ele
vê campanha "infamante" contra
o partido e o pré-candidato ao
Planalto, José Serra.
Anibal afirma que o presidente
Fernando Henrique Cardoso não
mandou investigar o suposto pedido de propina porque era "um
rumor". Diz que Serra não desistirá da candidatura. Por último, separando o pré-candidato de seu
antigo arrecadador de recursos,
declara que Serra e Ricardo Sérgio
não têm relações faz tempo.
Até as 13h de ontem, Serra e
FHC não se manifestaram sobre a
reportagem da revista "Veja" segundo a qual o ex-diretor do BB
pediu 15 milhões de reais ou de
dólares para ajudar o empresário
Benjamin Steinbruch a formar o
consórcio que comprou a Companhia Vale do Rio Doce, privatizada em 1997.
Descolamento
Segundo o presidente do PSDB,
Ricardo Sérgio, arrecadador de
recursos de campanhas políticas
de FHC (94 e 98) e de Serra (90 e
94), "não tem autoridade moral
para falar em nome de tucanos".
Aníbal afirma que "nunca o
PSDB pediu propina" para favorecer empresários com interesses
no governo. "Esse sr. [Ricardo
Sérgio" negou ter feito pedido de
propina em nome de tucanos,
mas, se o fez, pode perfeitamente
ter mentido", diz Aníbal, referindo-se à reportagem de "Veja"
Segundo Aníbal, FHC não mandou investigar o suposto pedido
de propina "porque se tratava de
um rumor".
Indagado se o fato de em 1998 o
então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, ter relatado a FHC a existência do suposto pedido, citando
que ouvira a história de Steinbruch, não exigiria providências,
Aníbal afirmou:
"O presidente não podia agir
em cima de rumores, em cima de
boataria. Sempre que teve indício
de algo, mandou apurar com todo
o rigor. Nunca um governo investigou tanto e combateu tanto a
corrupção. Por que a palavra desse Mendonça vale mais que a palavra do presidente? O que o presidente diz? Que não se recorda de
ter tido esse diálogo com o Mendonça. Pronto. Esse Mendonça de
Barros é um celerado. É um lingueta, já falou essa história de
Steinbruch para todo o lado."
Campanha
"Existe uma campanha infamante de certos setores da política e da mídia contra o PSDB e o
Serra. Há uma recusa desses setores em aceitar que o PSDB faz governo limpo, sem mancha moral.
Esses não aceitam que o projeto
de modernização do país avance",
diz o presidente do PSDB.
Segundo Aníbal, Serra não será
substituído pelo ex-governador
do Ceará Tasso Jereissati ou pelo
presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), devido a eventuais
pressões desencadeadas pela repercussão da reportagem da revista. "Serra é o candidato do
PSDB e ponto. Não será substituído. O Serra é honesto."
"Que apresentem provas e
saiam de insinuações sobre a conduta moral e ética de dois homens
públicos exemplarmente honestos como o Fernando Henrique e
o Serra", disse Aníbal.
O presidente do PSDB afirma
que Ricardo Sérgio já saiu do governo e que, se tiver feito algo errado, deverá ser investigado.
"Não temos nenhuma complacência com pedido de propina ou
qualquer outra forma de corrupção", declarou.
Aníbal foi enfático ao ressaltar
que o pré-candidato e o ex-diretor
do BB não têm mais relações. Indicado para o governo pelo ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho, Ricardo Sérgio recebeu
aval de Serra para ocupar uma diretoria no banco.
"Repito: o Serra não tem relações com esse sr. [Ricardo Sérgio". Ele participou do governo, já
saiu e não tem procuração para
falar em nome de tucanos, se é
que falou."
Aníbal diz desconhecer a suposta contribuição de campanha de
R$ 2 milhões feita pelo empresário Carlos Jereissati que não teria
sido registrada oficialmente, o
que seria um caixa dois.
"Desconheço. Se alguém provar
algo, Serra terá como explicar. O
nosso candidato tem uma vida
marcada pela honestidade. Isso é
algo que jamais vão tirar dele",
afirma o presidente do PSDB.
Colaborou MÔNICA BERGAMO,
colunista da Folha
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