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Tucanos querem ministro fora do cargo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está ameaçada a permanência
do ministro Paulo Renato Souza
(Educação) no cargo. Na avaliação da cúpula tucana e de auxiliares do presidente Fernando Henrique Cardoso, ele deveria pedir
demissão por ter afirmado que o
ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira teria solicitado propina em nome de "tucanos", conforme reportagem da
revista "Veja" desta semana.
Por ser do governo e pela relação de amizade com FHC, foi uma
surpresa a declaração de Paulo
Renato.
Segundo um membro do governo, ele deu um tiro no pé de Fernando Henrique e de seus companheiros, dando argumento ao
PFL e à oposição para tentar acuar
o PSDB politicamente.
O presidente nacional do PSDB,
deputado José Aníbal (SP), disse
que o ministro da Educação foi
"leviano". Segundo Aníbal, Paulo
Renato deveria ter imediatamente
perguntado a Benjamin Steinbruch, empresário que teria lhe
relatado o suposto pedido de propina, "que tucanos?". "Se não perguntou, perdeu uma boa oportunidade para não ficar calado", disse o presidente do PSDB. Sem esconder a irritação com o ministro,
Aníbal disse que ele é "um sujeito
amargo, de mal com a vida."
Setores do governo defendem a
demissão de Paulo Renato. "Por
que ele não disse isso à época?",
questionou uma fonte palaciana.
A decisão de Paulo Renato de
comentar o fato agora, num momento em que a candidatura presidencial do senador José Serra
sofre contestações, é atribuída a
uma vingança pessoal do ministro, que também queria ser o candidato do PSDB à Presidência.
Nem mesmo o fato de Paulo Renato ter comentado o assunto
com o presidente serve como atenuante para esses setores. Não só
o ministro, como vários outros
tucanos teriam "rumores" sobre o
envolvimento de Ricardo Sérgio
na cobrança de propinas durante
o processo de privatização da Vale, mas não havia provas.
Paulo Renato, que estava em
São Paulo, não foi encontrado ontem para comentar a afirmação
de Aníbal e as avaliações reservadas da cúpula do PSDB.
Colaborou MÔNICA BERGAMO, colunista
da Folha
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