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Empresário movimentou 5 vezes mais do que declarou
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Investigado pela Receita Federal, em 1998 o empresário e ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo
Sérgio de Oliveira movimentou
em conta corrente, conforme dados da CPMF (o imposto do cheque), cinco vezes mais do que o
valor total de rendimentos que
declarou ao fisco naquele ano.
Ao todo, entre lucros e dividendos de suas empresas (R$ 812,2
mil), rendimentos do BB (R$
104,3 mil) e de tributação exclusiva (R$ 439,34 mil), entre outras
fontes menos representativas, Ricardo Sérgio declarou um total de
receitas de R$ 1,39 milhão.
Nos quase quatro anos em que
ficou na diretoria da área internacional do Banco do Brasil -entre
95 e 98-, o grande impulso para
o aumento do patrimônio do empresário não foram as receitas públicas, mas as de suas atividades
privadas, boa parte delas nos
mercados financeiro e imobiliário
com a corretora RMC e com o escritório de consultoria Planefin.
Em 95, segundo a revista "Veja", o patrimônio de Ricardo Sérgio era de R$ 1,4 milhão. Na declaração de renda do empresário,
que consta de processo judicial
em tramitação por conta da investigação fiscal, em 98, esse número passou para R$ R$ 3,2 milhões -26% a mais do que em 97.
O fisco intimou o empresário a
apresentar "extratos bancários
[..." de todas as contas mantidas
junto a instituições financeiras no
Brasil e no exterior, referentes ao
período de janeiro de 98 e dezembro de 99". Ele conseguiu liminar
que, por ora, lhe garante o direito
a manter tais dados sob sigilo.
Em 98, o empresário compra
apartamento nos Jardins, em São
Paulo, declarado por R$ 700 mil e
avaliado no mercado por R$ 1 milhão. Também nesse ano declara
um empréstimo de R$ 27.500,00 à
empresa Planefin. No informe ao
fisco de 99 a Planefin recebe do
empresário outros R$ 900 mil.
Maior que o crescimento patrimonial de Ricardo Sérgio é o aumento do volume de receitas trabalhadas por sua corretora, a
RMC. Pelo que foi declarado ao
fisco, o montante foi de R$ 4,2 milhões em 97 para R$ 12,2 milhões
em 98 e R$ 21,9 milhões em 99.
Destaque entre as operadoras
de contratos na Bolsa de Mercadorias & Futuros, a RMC acabou
sendo alvo de investigação da Comissão de Valores Mobiliários.
Exemplo dos negócios lucrativos de Ricardo Sérgio no ramo
imobiliário foi a compra de um
prédio, na avenida Sete de Setembro, no Rio de Janeiro, que pertencia à Petros, o fundo de pensão
dos funcionários da Petrobras.
O empresário usou a Planefin
para fazer o negócio, do qual participou a Consultatum, empresa
de seu amigo Ronaldo de Souza.
A Petros aprovou a venda do prédio em março de 99. O negócio foi
firmado em cartório em junho:
R$ 3,55 milhões, com entrada de
R$ 600 mil, cinco parcelas anuais
de R$ 590 mil, com juros de 12%
ao ano e correção pelo IGP-M.
Dois meses depois, com as mesmas condições de juros e correção, Planefin e Consultatum compram o segundo prédio da Petros,
dessa vez em Belo Horizonte. O
negócio saiu por R$ 7,5 milhões:
entrada de R$ 750 mil, duas parcelas semestrais de R$ 750 mil e
cinco anuais de R$ 1.050 mil.
Exemplos com esses alavancaram o volume de negócios da Planefin de R$ 56.160 em 96, para R$
978.578 em 99 até chegar a R$ 2,86
milhões em 2000. Os dados constam nas declarações enviadas pela
empresa à Receita Federal.
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