São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2004

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PAINEL

Erro de leitura
A equipe de comunicação petista já sabe o nome da doença que a levou ao mau passo de colocar o "CEU Saúde" no centro da propaganda reeleitoral de Marta Suplicy: interpretação equivocada de pesquisas.

Ataque especulativo
Fez-se o raciocínio: se saúde é o ponto fraco da gestão, nada melhor que apresentar algo de impacto nessa área. Não funcionou. Serviu apenas para deixar a prefeita mais vulnerável à ofensiva do adversário e à desconfiança de parte do eleitorado.

Adeus, Papai Noel
O PT sabe que não poderá simplesmente deletar o "CEU Saúde" do horário gratuito. Mas já o retirou do centro da cena e cuidará para que se torne apenas um ponto no mapa de realizações e promessas de Marta exibido na propaganda de TV.

Mando de jogo
Com o "CEU Saúde" na geladeira, os petistas esperam se reaprumar na TV seguindo a regra de ouro do almanaque dos marqueteiros: fica em vantagem o candidato que consegue impor sua agenda, em vez de seguir a ditada pelo adversário.

Outros termos
Não se deve tomar pelo valor de face a declaração, feita por Duda Mendonça, de que ele e Luís Favre, marido da prefeita e um dos coordenadores da campanha, vão "bem, obrigado".

Fator Geraldo
A propaganda petista não sabe o que fazer com Alckmin. Marta tentou posar de amiga. Não colou. Depois Mercadante bateu no tucano. No PT, alguns temem que o eleitor desaprove. E acham cedo para o senador iniciar a campanha ao governo.

Arroz-de-festa
Desconhecida do grande público, a ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Social) tem sido tão assídua quanto o colega José Dirceu em comícios petistas.

Borracha na história 1
Na esteira do filme "Olga", a Assembléia de Mato Grosso, pronta para mudar de endereço, pode deixar para trás a homenagem a Filinto Müller, filho da terra que dá nome ao prédio atual e foi co-responsável pela extradição da comunista para campo de concentração em 36.

Borracha na história 2
Müller também dá nome a ala do Senado, onde há polêmica semelhante. No MT, os favoráveis à manutenção da homenagem, alguns descendentes do personagem, dizem que o filme carrega nas tintas contra o homem da repressão de Getúlio.

Aviso aos navegantes 1
Esclarecimento recém-incluído no site da Comissão de Ética Pública: "Participação em processo decisório que resulte em patrocínio, direto ou indireto, a partido político configura transgressão" do Código de Conduta da Alta Administração Federal.

Aviso aos navegantes 2
Segundo a comissão de ética, nesses casos a autoridade deve considerar "fato impeditivo de sua participação". Não há referência direta, mas o esclarecimento remete ao episódio dos ingressos comprados pelo Banco do Brasil para um show petista de arrecadação de fundos.

Primeiro o meu
Segundo levantamento do senador tucano Sérgio Guerra, até agosto foram liberadas 14,25% das verbas orçamentárias cujo destinatário era o governo federal. Estados ficaram com 6,93%.

Armas e bagagens
EUA e Canadá confirmaram presença no encontro de ministros da Defesa do continente, no dia 13 de setembro em Buenos Aires. Na pauta, uma agenda comum para a indústria bélica.

TIROTEIO

Do historiador Manolo Florentino sobre frase do ministro Luiz Gushiken, segundo quem o governo Lula está "conclamando todo mundo a se manifestar da melhor maneira cívica possível" no Sete de Setembro:
-A idéia feita por eles dessa data está muito mais próxima dos russos que do significado do Exército para os brasileiros, em nada diferente do das demais instituições. Seria melhor esquecer tudo isso e homenagear o maratonista Vanderlei.

CONTRAPONTO

Povo injusto

Em viagem pelo interior de Pernambuco, o deputado José Múcio (PTB) encontrou certa vez um vereador que havia acabado de ver frustrada sua tentativa de obter novo mandato.
-O povo é injusto, inconfiável, deputado. Nunca mais serei candidato a nada neste mundo!-, sentenciou o derrotado.
Múcio procurou consolá-lo. Apesar das imperfeições, disse, a democracia é o melhor sistema para escolher governantes.
Mas o homem, desolado, não se convenceu do argumento.
-O sr. sabe qual foi a primeira eleição do mundo, deputado?
Sem esperar pela resposta de Múcio, ele prosseguiu:
-Está na Bíblia. Foi quando o povo teve de escolher entre Barrabás e Jesus Cristo. Nosso candidato era jovem, honesto, tinha programa de governo e ainda por cima fazia milagres. Mas, além de perder a eleição para um ladrão, acabou na cruz!


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