|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preço de tarifa varia de acordo com as eleições
DA REPORTAGEM LOCAL
O levantamento sobre a remuneração do transporte de
São Paulo nos últimos 12 anos
aponta que as escolhas dos prefeitos variam com as eleições:
em ano de disputa municipal, a
tendência é "segurar" reajustes
da tarifa, ainda que seja preciso
conceder mais subsídios.
A gestão Luiza Erundina (89-92), por exemplo, embora tenha adotado uma política de
injeção de valores significativos
de recursos públicos na manutenção dos ônibus, em vários
momentos também elevou a
passagem acima da inflação.
No último reajuste, por
exemplo, em novembro de
1992, a tarifa atualizada pelo IPCA corresponderia atualmente
a R$ 0,79 -contra R$ 0,65
quando ela assumiu.
Como a época era de inflação
exorbitante, porém, ao sair do
governo essa passagem equivalia a R$ 0,63 -deixando uma
defasagem inflacionária para
Maluf de 25%. Não é à toa que
ele decretou a alta da tarifa já na
primeira semana de mandato.
O ex-prefeito foi quem menos seguiu a programação eleitoral: deixou para Pitta uma
defasagem de 3,8% em relação
ao reajuste anterior. Mas, em
1996, seu último ano, subiu em
mais de 50% os subsídios.
A gestão Celso Pitta concedeu reajustes da tarifa acima da
inflação em seus três primeiros
anos. Em 2000, porém, ano de
eleições, não houve aumento
-deixando uma defasagem
desde a elevação anterior de
15,7% para Marta.
A petista repete essa tendência. O último reajuste dado por
ela foi em janeiro de 2003
-menos de três meses depois
das eleições ao governo do Estado. Em 2004, quando ela tenta a reeleição, em vez de corrigir a tarifa pela inflação -que,
até julho de 2004, estaria em R$
1,94 pelo IPCA-, optou por
elevar os subsídios -que estavam no patamar de R$ 17 milhões mensais e que hoje já passam de R$ 27 milhões mensais.
Em nota à Folha, a Secretaria
dos Transportes afirma que
"não haverá necessidade de aumento do subsídio" no ano que
vem e que "todos os dados indicam que não haverá necessidade de aumento da tarifa".
Essa definição, porém, deve
ocorrer no mês seguinte ao segundo turno das eleições,
quando a prefeitura vai negociar com os empresários e perueiros os contratos de 2003
-pelos quais os operadores já
deveriam ter tido reajuste de
remuneração em julho deste
ano. A correção foi postergada
por uma fase de transição.
Os técnicos da prefeitura defendem a tese de que os beneficiados pelo bilhete único não
significam queda de receita
nem alta de custos porque vão
contribuir com a mesma quantia -R$ 1,70-, mas com a
possibilidade de deslocamentos adicionais, utilizando a capacidade ociosa dos coletivos.
Proporcionalmente ao nível
de adesão ao cartão -imprevisível-, porém, essa capacidade ociosa tende a se esgotar.
Texto Anterior: Eleições 2004 / Raio X transporte: Candidatos ignoram custo da integração Próximo Texto: Elio Gaspari Índice
|