|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2004 / RAIO X TRANSPORTE
Principais concorrentes prometem que bilhete único será estendido ao metrô, mas não citam o valor da tarifa, que deverá subir
Candidatos ignoram custo da integração
DA REPORTAGEM LOCAL
A palavra da moda entre os
principais candidatos à Prefeitura
de São Paulo quando o assunto é
transporte é integração, mas nenhum deles fala quanto o cidadão
terá de pagar pela passagem.
Atualmente, o usuário paga R$
1,70 para tomar o ônibus por até
duas horas e R$ 1,90 pelo metrô. O
bilhete integração, em que se pode usar o metrô e pegar um ônibus, custa R$ 3,15.
Quando falam em integrar o bilhete único ao metrô, aos trens e
aos ônibus metropolitanos, nenhum dos candidatos informa
qual será o valor da tarifa. O eleitor, então, tende a imaginar que
será pelo valor do bilhete único,
atualmente em R$ 1,70.
Se quiser manter o valor da tarifa e integrar o ônibus ao metrô, a
prefeitura, ou o Estado, terá de
aumentar brutalmente o subsídio. Caso a injeção de recursos
públicos seja mantida no mesmo
patamar, o preço da passagem
precisará ser maior.
Tanto a prefeita Marta Suplicy
(PT) quanto o candidato José Serra (PSDB) propõem em seus programas de governo a criação de
um órgão formado pela prefeitura e pelo governo estadual para
tratar da questão. O ex-prefeito
Paulo Maluf (PP) diz que será necessário "conversar" com o Estado, hoje comandado pelo PSDB,
para chegar a um acordo. Luiza
Erundina (PSB) também é defensora da integração. E, como os demais, não entra em detalhes.
Serra
O termo "conversa", aliás, é utilizado pelas outras candidaturas.
"Vai depender da conversa entre
a prefeitura e o Estado, não tem
jeito", afirmou Miguel Kosma,
coordenador do programa de
Serra para a área de transportes.
O técnico admite que ainda não
há definição sobre o preço final da
passagem da integração. "Se você
me perguntar como vai ser a tarifa, é difícil responder agora."
Contrariando o que tem difundido a campanha de Marta, Kosma disse que o candidato tucano
vai manter o bilhete único se for
eleito no mês que vem: "Há um
compromisso assumido".
Marta
Questionada se o valor da passagem de quem utiliza o ônibus e o
metrô deve ficar mais próximo de
R$ 1,70, a assessoria de Marta não
respondeu. Preferiu criticar o governo do Estado pelo fato de a integração entre os sistemas não ter
acontecido até agora.
No programa de governo, no site da candidatura, a equipe dela
informa que a meta é "a integração metropolitana do transporte
público em modalidades [metrô,
trem e ônibus] e tarifas, de sorte a
racionalizar o planejamento, a
operação e os investimentos".
Maluf
Como os outros, o candidato do
PP não faz uma previsão de quanto vai ficar a tarifa. De diferente, o
ex-prefeito propõe a ampliação
do tempo de validade de uma tarifa do bilhete único, das atuais
duas para três horas.
Segundo Maluf, com essa ampliação, os usuários não precisariam ficar "espremidos" na frente
do ônibus para otimizar o uso do
bilhete. Isso porque o bilhete único só começa a "contar" o uso
quando passa pela catraca. Quem
vai para muito longe normalmente fica no começo do ônibus.
Erundina
A candidato do PSB afirmou
que o bilhete único é estudado há
muito tempo por técnicos em
transporte e que "traz enorme benefício, se paralelamente fossem
adotadas outras medidas".
Erundina acusa Marta de ter
acabado com o bilhete integração
(ônibus + metrô), o que é negado
pela Secretaria dos Transportes.
Assim, depreende-se que sua
idéia é promover a integração
com o bilhete único.
Entre as propostas da ex-prefeita está a de "tornar pública 10% da
frota de ônibus e lotações da cidade", o que remete aos moldes da
antiga CMTC. Segundo especialistas, o custo é mais elevado, mas
diminui o poder de barganha dos
donos das empresas de ônibus em
caso de greves.
(PDL E AI)
Texto Anterior: Ex-prefeitos rejeitam comparações de gastos Próximo Texto: Preço de tarifa varia de acordo com as eleições Índice
|