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"Parece canteiro de obras eterno"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Bernardo Cabral, 71, era deputado federal (PMDB-AM) em
1988, quando ocupou o cargo de
relator da Comissão de Sistematização do Congresso Constituinte.
Ganhou o cargo derrotando, entre outros candidatos, o então senador Fernando Henrique Cardoso. Foi ministro da Justiça no
governo Collor e hoje, aposentado, vive no Rio:
"Teria sido melhor ter aprimorado alguns trechos antes da promulgação, em 1988. Mas, se nós
disséssemos naquela época que
iríamos privatizar a Vale do Rio
Doce, as teles, quebrar os monopólios, seríamos chamados de
loucos. Falar em privatizar naquela época era loucura, era para
ser chamado de louco. Nós tínhamos ainda duas fronteiras ideológicas que influenciavam muito: o
capitalismo e o socialismo. Fizemos bem em deixar nas disposições transitórias uma data prevista, em cinco anos, para fazer uma
revisão do texto que estava sendo
aprovado. Quando chegou 1993,
todos achavam que Lula era o
candidato mais forte para a eleição presidencial. Por isso, quiseram reduzir o mandato de cinco
para quatro anos. Havia um vício
de origem que prejudicou a revisão de 1993. Não conseguimos
aprovar o parlamentarismo. Se tivéssemos conseguido aprovar o
regime parlamentarista, haveria
um sistema mais racional de
construção de maioria no Congresso. Diminuiria muito o troca-troca partidário, a distribuição
franciscana de favores. Também é
por essa razão, um pouco, que tivemos tantas emendas constitucionais. O texto parece um eterno
canteiro de obras."
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