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TUDO SE TRANSFORMA
Publicitário diz que uma ilustração sua tem a mesma perspectiva do desenho do programa
Marca do Fome Zero lembra capa de livro
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Criação do festejado publicitário Duda Mendonça, a logomarca do Programa Fome Zero está
sob suspeita de plágio. A suspeita é do ilustrador Marcelo Polo
Rezende, que, no final dos anos
80, desenhou a capa de um livro
paradidático -"A Invasão Cultural Norte-Americana"- com
elementos praticamente iguais à
marca do principal programa
social do governo. A pendência
pode acabar nos tribunais.
A criação de Duda exibe um
garfo e uma faca num prato azul
sobre uma mesa verde com toalha amarela -a bandeira brasileira estilizada, recurso comum
na publicidade política. A ilustração de Rezende contém os
mesmos elementos, mas o garfo
e a faca estão fora do prato.
O que incomoda Rezende nem
são a bandeira e o prato, que seriam elementos massificados,
básicos de uma campanha como
a do Fome Zero, mas a perspectiva do desenho -segundo ele, a
mesma nas duas ilustrações.
A possibilidade de alguém
chegar à mesma solução para a
logomarca de um programa de
combate à fome "é enorme", disse o publicitário Duda Mendonça, por meio de sua assessoria de
imprensa. Algo como a criação
da logomarca de uma Copa do
Mundo: quase com certeza terá
uma bola.
Para Duda, mais importante
que o desenho seria o conceito
embutido na logomarca. Até a
forma final, a equipe de Duda teria trabalhado mais de cem marcas, uma delas com o garfo e a faca fora do prato. Sua preocupação, segundo a assessoria, era falar de um programa de um governo de esquerda sem ser populista ou vender promessas, o
que poderia ser feito com um
prato cheio.
O conceito, segundo Duda, é o
que distingue os dois desenhos.
O garfo e a faca cruzados no prato representariam uma refeição
terminada, ou seja, o objetivo de
acabar com a fome.
A criação, a produção e a veiculação da campanha de combate à fome foram doados ao Fome
Zero pelas associações de agências publicitárias e de órgãos de
comunicação. Segundo especialistas do mercado, um mês de
campanha na televisão, rádio e
jornais não sairia por menos de
R$ 30 milhões. Atualmente, a
agência de Duda não tem contratos com o governo.
Em 2001, Duda esteve envolvido em outra polêmica de plágio.
Ele foi acusado de ter copiado a
campanha "Xô, corrupção", veiculada pelo PT, de um programa
da Juventude do PPS paulista.
Um dos filmes mostrava ratos
roendo a bandeira nacional,
idéia utilizada também pelo PPS
na campanha municipal de
2000, em São Paulo.
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