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Proporção dos que acham que a inflação vai subir cresce de 58% para 65%; 63% acham que o desemprego aumentará
Crise traz pessimismo de volta aos eleitores
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pessimismo em relação ao futuro da economia brasileira -explícito e crescente no mercado financeiro há dois meses- chegou
à população.
Foi interrompida uma trajetória
de melhora das expectativas entre
os eleitores iniciada em setembro
do ano passado e mantida até junho último, quando chamava a
atenção que o aumento da confiança na economia ainda resistisse aos efeitos já visíveis da alta do
dólar e do risco-país. A mudança
de humores, porém, fica clara na
mais recente pesquisa Datafolha,
concluída anteontem.
Cresceu a proporção dos que
acham que a inflação vai subir (de
58% para 65%), que o desemprego aumentará (de 56% para 63%),
que o poder de compra será reduzido (de 33% para 39%) e que a situação econômica do país vai piorar (de 28% para 33%).
Todos esses sinais indicadores
de pessimismo ainda permanecem abaixo dos patamares observados entre junho e setembro de
2001, quando estavam no auge os
temores de que a crise político-econômica da Argentina arrastasse consigo o Brasil.
Naquele período, a expectativa
de alta do desemprego e da inflação, para usar os dois exemplos
mais evidentes, chegava a 72%
dos eleitores.
Foram os números mais negativos da avaliação sobre a economia no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, superando inclusive os meses que se
seguiram à desvalorização do
real, em janeiro de 99.
Depois, ocorreu o fenômeno
batizado de "descolamento" entre
Argentina e Brasil: o país vizinho
mergulhou sozinho numa sequência de desastres que incluiu
queda de presidentes, moratória
da dívida, disparada do dólar e
volta da inflação.
Já a economia brasileira obteve
uma trégua do mercado, apoiada
pelo FMI e ajudada pela melhora
da balança comercial. A diminuição das tensões coincidiu com o
aumento do otimismo entre os
eleitores até o mês passado.
Plano Real e FHC
Mesmo com a recente inversão
dessa tendência, a avaliação do
Plano Real não sofreu abalos, com
variações inferiores à margem de
erro de dois pontos percentuais
para cima ou para baixo.
A proporção dos que consideram o plano ótimo ou bom oscilou de 46% para 45%, mantendo
os níveis mais altos do segundo
mandato de FHC -após a desvalorização do real, em 99, esse percentual chegou a seu ponto mais
baixo, 34%.
Os que responderam ruim/péssimo foram de 36% para 35%, e os
que avaliaram o Real como regular, de 17% para 18%. Da mesma
forma, segue inalterada a popularidade do presidente, que obtém
40% de regular, 31% de ótimo/
bom e 26% de ruim/péssimo, números praticamente idênticos aos
da pesquisa anterior.
A nota média atribuída a FHC,
embora sem elevações que cheguem a entusiasmar, é a mais alta
do segundo mandato: 5,6, abaixo
do pico de 6,5 obtido no primeiro
e do 7 que recebeu recentemente
de seu candidato, José Serra.
A área em que o governo tem
melhor desempenho, para os eleitores, continua sendo a educação
(15%), seguida pela saúde (11%),
na qual Serra ocupou o ministério. A economia fica em terceiro,
com 6%, e o controle da inflação
tem 3%.
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