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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO
Como Lula, Crivella faz carta anti-rejeição
Líder na disputa pela prefeitura, senador lança manifesto para "derrubar preconceito" sobre sua ligação com a Igreja Universal
Orientado pelo marqueteiro Duda Mendonça, candidato afirma que não será prefeito de uma instituição religiosa e diz assegurar liberdades
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Líder na pesquisa Datafolha
para a Prefeitura do Rio com
26%, mas também alvo da
maior rejeição, 29%, o candidato Marcelo Crivella (PRB) repetiu ontem gesto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na
campanha de 2002: lançou
uma "Carta ao Povo do Rio de
Janeiro", assumidamente inspirada na "Carta ao Povo Brasileiro" de seis anos atrás.
O marqueteiro de Crivella é
Duda Mendonça, o mesmo de
Lula em 2002. Se o petista queria "tranqüilizar o mercado, os
empresários e os eleitores", como lembrou textualmente Crivella em seu manifesto, o senador integrante da Iurd (Igreja
Universal do Reino de Deus) teme que sua filiação religiosa lhe
tire votos. "Gostaríamos de que
essa carta pudesse de alguma
forma derrubar preconceitos",
afirmou em entrevista.
Em três páginas e 12 itens,
sua carta reconhece que a candidatura gera "inquietações naturais". Para diminuir as resistências, Crivella prometeu não
ter entre os secretários municipais nenhum membro da Iurd.
Ele não citou o nome da agremiação. Referiu-se a ela como
"minha Igreja". "Não serei de
forma alguma o prefeito de
uma instituição religiosa."
Comprometeu-se a assegurar a "liberdade religiosa" e a
"liberdade de expressão". Em
todo o país, pastores e fiéis da
Iurd acionam judicialmente
jornalistas e empresas jornalísticas -inclusive a Folha- que
veicularam reportagens sobre
a Universal.
Depois de criticar há três
meses o concorrente Fernando
Gabeira (PV) por defender "homem com homem", Crivella
agora promete "reprimir qualquer manifestação homofóbica". "A base de meu governo será o respeito à diversidade."
Em referência ao Carnaval, o
antigo pastor da Universal pediu: "Não temam qualquer tentativa de patrulhamento sobre
o estilo desta festa popular".
Embora seu manifesto prometa tratar todas as organizações jornalísticas de "forma
igualitária", em entrevista ontem de manhã Crivella alfinetou "setores da mídia terrivelmente desfavoráveis à nossa
campanha". A TV Record é ligada à Iurd.
Crivella sublinhou na carta
sua associação ao presidente,
com quem quem disse ter
"grande amizade".
O senador pulou de 20% da
intenção de votos no levantamento Datafolha anterior, em
março, para 26%, nove pontos
percentuais a mais que a segunda colocada, Jandira Feghali (PC do B). A pesquisa divulgada ontem, porém, foi a
primeira após as coligações terem definido oficialmente os
candidatos de cada partido.
Em março, a ex-deputada tinha 18%, em empate técnico
com Crivella. Ambos são da base eleitoral de Lula, que deve ficar fora dos palanques cariocas
no primeiro turno.
Crivella voltou a defender
ontem seu projeto Cimento Social. No morro da Providência,
no Rio, militares do Exército
que atuavam no projeto entregaram a traficantes três jovens,
que foram mortos.
Os principais candidatos saíram às ruas em campanha. Em
terceiro lugar, estão empatados
tecnicamente Solange Amaral
(DEM), Eduardo Paes (PMDB)
e Gabeira. Sobre o Datafolha,
Jandira disse não se "preocupar": "Damos a largada numa
posição muito boa. Essa distância entre o primeiro e o segundo tem variado muito".
Solange, candidata do prefeito Cesar Maia (DEM), afirmou
que "as pesquisas estão começando a pegar o que a população está desejando".
Apoiado pelo governador
Sérgio Cabral (PMDB), Paes
disse que "os adversários estão
fazendo campanha há um ano.
Então, é excepcional estar embolado em terceiro".
Gabeira ressaltou que "o processo está apenas começando".
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