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EXTERIOR
Tratamento contra Aids é estratégia de liderança
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai acrescentar um
elemento à sua estratégia de fortalecer a liderança brasileira na
América Latina e na África: o aumento da exportação gratuita do
tratamento de Aids.
Hoje, o ministro Humberto
Costa (Saúde) anuncia oficialmente ao presidente da OMS (Organização Mundial de Saúde),
Kong Woon Lee, que o Brasil vai
ampliar o número de países dessas duas regiões que recebem o
tratamento gratuito contra a
doença.
Costa e Lee participam do Seminário Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, que começa hoje em Brasília.
Atualmente o Brasil financia o
tratamento de cem pacientes em
dez países, metade na África e metade na América Latina. Este mês
serão incluídos na lista Cabo Verde, Angola, São Tomé e Príncipe e
Botsuana, onde o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva esteve no mês
passado. Cada paciente custa US$
870 por ano.
A prioridade do Brasil, a partir
de 2004, é exportar o tratamento
de Aids para o maior número de
países dessas duas regiões. É provável que haja uma redução na
quantidade de pacientes que serão atendidos nesses novos locais
para que se possa ampliar o número de países. Serão atendidos,
no máximo, 5.000 estrangeiros.
Será constituído um grupo de
trabalho para definir que países
serão beneficiados.
Hoje, somados os quatro países
africanos que começarão a receber medicamentos, o Brasil atende 1.400 pacientes estrangeiros
por ano.
Costa também pedirá a Lee que
a OMS financie a construção de
um laboratório na África para
produzir o coquetel contra a Aids.
Se a organização aceitar, o Brasil
entrará na parceria fornecendo
tecnologia e mão-de-obra para
tocar o novo laboratório.
Mercosul
Ontem, durante o Seminário Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, Humberto Costa disse que o governo conseguiu
incluir na pauta do Mercosul
-no encontro de ministros da
Saúde realizado no Uruguai na semana passada- ações comuns
na área.
A principal proposta brasileira é
para que os países do bloco comprem juntos os medicamentos, o
que reduziria o preço dos produtos. Outro ponto é a criação de
uma política de financiamento
para atender a população que vive
nas fronteiras.
Dessa forma, quem mora em regiões de fronteira poderia ser
atendido na rede pública de qualquer país. O objetivo mais político
do Brasil na área de saúde é exportar o modelo do Sistema Único de Saúde para que seja adotado
pelo maior número de países do
Mercosul e da América Latina.
O ministro ainda mandou um
recado aos deputados que vão investigar o tráfico de órgãos. "O
serviço público é muito seguro.
Temo que a CPI atue de forma a
inibir os doadores."
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