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Só Bastos resta do governo paralelo
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, é o único integrante do governo paralelo, montado pelo então deputado federal
Luiz Inácio Lula da Silva em 1990,
que está no primeiro escalão do
governo efetivo do PT. A equipe
era um contraponto à gestão de
Fernando Collor, que havia vencido as eleições presidenciais de 89.
Dos 16 membros, muitos se tornaram críticos do atual governo.
É o caso do geógrafo e pesquisador da USP Aziz Ab'Saber. Sobre
as diferenças entre aquele período
e o governo Lula, diz: "Não critico
porque vão dizer que eu estou decepcionado por não fazer parte do
governo. Estou é muito contente
de não estar no governo".
Outros dois componentes do
grupo se desligaram do PT por
não concordarem com o modelo
da gestão Lula: o sociólogo Francisco de Oliveira e o filósofo Carlos Nélson Coutinho.
Benedita da Silva e Cristovam
Buarque eram do governo paralelo e foram ministros de Lula em
2002, mas acabaram demitidos
em janeiro. José Gomes da Silva,
pai do ex-ministro José Graziano
-também demitido em janeiro-, era o responsável pela agricultura. Ele morreu em 1996.
Outros dois nomes estão no governo, mas em outros escalões.
Luiz Pinguelli Rosa hoje ocupa a
presidência da Eletrobras, mas
corre o risco de perder o cargo nas
negociações entre PT e PMDB. E
o cardiologista José Leôncio de
Andrade Feitosa é diretor da
Agência Nacional de Saúde.
Também eram "ministros" o
ex-senador José Paulo Bisol, hoje
afastado da política, a deputada
Cristina Tavares, morta em 1992,
Ademar Sato, hoje pesquisador
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) e o senador
Paulo Paim (PT-RS).
O economista Walter Barelli era
o responsável pela área econômica. Hoje é filiado ao PSDB. "Os
programas do PT tinham foco no
crescimento. No entanto, a atual
política apenas traz arrocho", diz.
Também afastado está o físico
Luís Carlos de Menezes, fundador
do PT e "ministro" paralelo de
Energia e Mineração. Questionado sobre o afastamento de ícones
do PT em relação ao governo e ao
partido, diz: "Quero sonhar com
o dia em que ações de governo
permitam que sonhos de mobilização do país por sua reumanização coloquem de novo, no mesmo campo, gente valiosa que, por
ora, está em campos distintos."
(JAB E VA)
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